FRASE INFELIZ: NA SUA IDADE EU JÁ...

Não cobre de seu filho adolescente ou criança que ele escolha um caminho se você não ensinou isso a ele. Oriente-o

Dizer para o filho tudo que você fazia quando tinha a idade dele só o fará se sentir triste e incapaz, afinal, isso não é orientação é comparação, e nessa comparação é você pai ou mãe que sempre sai ganhando. Os tempos são outros e seu filho não é você. Ao invés de cobrar porque aos 13 ou 15 anos ele não toma decisões, não expressa o que quer fazer da vida, passe a dar do seu tempo para ele, leve-o com você aonde for, se for cavar um buraco leve-o, nem que de princípio ele fique só olhando. Ensine-o a fazer alguma coisa, sem a cobrança de ter que aprender porque nessa idade você já sabia ou porque a vida é dura.

Não é sugestivo deixar a criança ou adolescente em casa, o tempo todo, cobrir de mimos e depois cobrar que tome "tenência na vida". É sugestivo, porém, que proteja sem mimar. Que ensine, antes de cobrar. Não tenha pena do seu filho, achando que ele é muito novo para fazer esforços, basta que respeite os limites, e não o sobrecarregue exageradamente. Também, tenha paciência para ensinar, talvez você possa até pensar que sozinho vá mais rápido e faça melhor. No entanto, a primeira missão dos pais é ensinar. Quer queiram, quer não queiram, os pais estão sempre ensinando por ações, palavras e omissões também. Os pais são professores vitalícios.

Acredite! A adolescência já traz sozinha muitos conflitos internos para qualquer pessoa.

Quando os pais dizem para um filho adolescente que na idade dele, eles já se viravam, acabam por gerar outra angústia, muitas vezes. A angústia de ser um peso para os pais, de querer deixar de ser e não ser, mas sem saber por onde começar, pois que está no começo da vida e, ao invés de receber orientação sobre qual caminho seguir, recebe comparação e críticas negativa. Esse é um tipo de situação em muitos casos, torna-se fundo para depressão, automutilação, síndrome do pânico, entre outros e até pensamentos suicidas ( ou tentativas).

Não estou dizendo com isso que a razão para esses males seja unicamente o jeito inadequado que muitos pais tem para "motivar" seus filhos a "acordarem" para a vida, mas que esse jeito contribui bastante para isso.

Seu filho, a quem você ama, merece mais do que cobrança. Faça o que Deus mandou: Ensine-o no caminho em que deve andar, ou seja, vá com ele, em vez de ficar só apontando o caminho, ou nem isso. Perguntando a um adolescente sobre como ele se sentia ao ouvir dos pais sobre o que ele faziam em sua idade, ele me respondeu que pensava: "Sim. O que eu tenho a ver com isso? Que culpa eu tenho se na minha idade vocês tiravam leite de vaca? Essa é a história de vocês. Estamos em outro tempo."

Já um outro adolescente, que fugiu de casa algumas vezes, e depois foi pego literalmente com uma corda no pescoço, disse-me que ele não queria ser problema para os pais dele. Que o pai sempre o chamava de preguiçoso. Mas que ele (13 anos), não conseguia arrumar trabalho. Então, ele queria por fim naquilo logo.

Conversando com a mãe do garoto, ela disse que o pai dá bronca, mas nunca o mandou trabalhar fora, até porque não precisa. No entanto, não torna o garoto participante de suas atividades.

Observando esses testemunhos, vi que para o primeiro, tentativa de ser exemplo que os pais tiveram ao fazer comparação foi frustrada, pois pareceu para o filho como um desabafo para a pessoa errada e não uma lição de vida. Já para o outro, as palavras ouvidas representaram uma frustração de não conseguir fazer igual. Um sentimento de vida fracassada antes mesmo de começar a viver direito.

Concluindo, nossas palavras e ações têm muito mais peso para os nossos filhos do que intentamos que sejam realmente. Quando, na verdade, essas palavras são geralmente ditas em um momento em que há um descompasso no domínio próprio.

Sabemos que os filhos muitas vezes tiram os pais do sério. Mas esse domínio próprio a fim de não tornar as coisas mais sérias do que realmente são, faz-se uma necessidade.