Quando se está perdido, este é o melhor momento para se encontrar.
Essa frase poderia ser apenas um clichê ou uma tentativa de amenizar a sua dor por ainda se sentir perdido. Ainda mais, na situação em que nos encontramos agora: em quarentena.
A verdade é essa mesmo: o nosso verdadeiro encontro só é feito, quando nos sentimos perdidos. Sabem por quê? Simples. A aprendizagem só acontece quando nos deparamos com algo novo. Seja o que nunca vimos, sentimos ou fizemos. Não é à toa que Vigotsky nos coloca na zona de desenvolvimento proximal, quando ainda estamos nos conectando com determinado aprendizado. É um processo inicial. É aí, que a sua zona de conforto se estremece e lhe faz perguntar se é isso mesmo que você quer. Você vai dar cabeçada, vai errar e vai continuar. Caindo e levantando. Seja resiliente e persistente, se não, o caminho será só mais um que você começou e não foi até o final. Eu tive muitos momentos de me sentir perdida, mesmo sendo a pessoa mais objetiva com as minhas coisas. Isso é fora do normal? Não...completamente normal. A questão é como encaramos isso. A dor nos chega, quando olhamos para aquilo e queremos ignorar. A dor só aumenta. Eu já caminhei até por caminhos que não eram o que o meu Eu sempre foi, mas foi um momento de me encontrar. A minha alma estava sem chão, coração partido, junto com muita decepção, se juntou à decepções que eu tinha guardado na gaveta. Fez eu ver que o problema estava em eu aprender a entender, o que eu precisava aceitar ou não. Conhecer o que eu desejava de fato. Aprendi a dizer não para relacionamentos sugadores, que só se aproveitavam da minha forma de ajudar. Aprendi a sentir cheiro do machismo exacerbado de longe. De conhecer os cafajestes. A me calar e ignorar certas falas. A abrir mão de pessoas tóxicas. Só fica em minha alma e na minha companhia, aquilo que soma o que já tenho e não, o que me completa. Estar na quarentena só faz eu ter mais certeza de que conversas vazias não terão minha alma. A minha alma é por demais amorosa e profunda para me satisfazer com imagens ao invés de ações. De mensagens rasas e com sorrisos interesseiros. Meu silêncio é a minha verdadeira voz.
(Rafa Entre Linhas)