AI ABRIL, ABRIL!

Abril, Abril, um, dois, três,

Palavras e mais palavras,

Só é mesmo bom português

Quem aceita Abril de vez

Sem ideias, feito escravas…

Sempre diferentes, mas iguais

Em todas as ocasiões,

Mas lá dizem os manuais

Uns têm menos, outros mais

E ninguém perde, nem a feijões…

Quem tem unhas toca guitarra,

Toca flauta ou castanholas,

Dia e noite é só fanfarra

E, sem energia nem garra

Não há coelhos nem cartolas.

Abril, Abril, quatro, cinco, seis,

Haja direitos, assim e assim,

Há muitos servos e alguns reis,

Que, pra dar a volta às leis,

Basta um pó per-lim-pim-pim…

Não há omeletes sem ovos

Mas todos querem mandar,

Sejam velhos, sejam novos,

Quaisquer que sejam os povos,

Basta dividir pra reinar.

Abril, Abril, sete oito, nove,

Fica-se sem chegar a dez

Pois já não há quem o prove.

Diz o rico: vai ver se chove

Ou … desanda a quatro pés!

Ter Abril é ter embaraços,

Não há dinheiro que chegue

E em todos só há dois braços,

De boa-fé ninguém dá passos

E, se dá, o diabo qu´ o carregue…

- Ai Abril, Abril sem pressa,

Letra morta à frei Tomás,

Tudo lindo quando começa

Mas, depois, perdes a cabeça:

Dás passo à frente e dois pra trás.

- Em ti já ninguém acredita,

Quem se goza é o explorador

Que não passa de parasita:

Trabalha pra sua marmita

E, tu… vais de mal a pior!

Sem Abril não há Revoluções,

Nem há cravos nem fantasia,

Há menos pão, mais ilusões

E grita-se, a plenos pulmões:

Para quando a Democracia?

Frassino Machado

In ODIRONIAS

FRASSINO MACHADO
Enviado por FRASSINO MACHADO em 26/04/2020
Reeditado em 26/04/2020
Código do texto: T6928776
Classificação de conteúdo: seguro