UM PEDIDO DE SOCORRO

E enquanto todos me vêem com os olhos cheios de lágrimas e julgam como drama de uma pobre coitada que só quer chamar atenção meu coração sofre agoniado a procura de uma salvação. Eu peço ajuda, imploro por socorro, mas ninguém nem mesmo enxerga os sinais que para mim parecem tão evidentes, eu busco lugares para fugir, olho para os lado, mas não tenho para onde ir, não há um braço disposto a me acolher, nem um abraço pronto para me socorrer. A verdade é que não tenho amizades, nem mesmo intimidade com pessoas a ponto de me abrir, tento me manter forte, mas a cada sorriso forçado que dou para o mundo na tentativa de mostrar que está tudo bem um pedaço do meu coração se estilhaça, é como se uma lâmina penetrasse profundamente em minha pele e eu não pudesse gritar, a dor quando guardada para si se torna mais intensa e te dilacera por dentro. Hoje não tenho vontade de nada, não possuo vontade de levantar da minha cama, não faço nada além do necessário, minha rotina é nada, so quero meu quarto, nada mais que isso. Meus pais? Bom, para eles não passo de uma fracassada, alguém que nem mesmo buscam alcasar, alguém com problemas, problemas chamados frescuras e dramas, talvez até querendo atenção. " Você é linda, magra, tem tudo, quanta gente pelas ruas, quanta gente passando fome e você ai se queixando", meu irmão? Bom, para ele sou descritas pelas próprias palavras que saem da boca dele " Você não serve para nada, sua pra nada, você é mais chata que pisar na bosta, etc". Como alguém vivendo nessas condições, cheia de insultos pode ser feliz? Eu tenho tudo? Irônico, pois acho que me falta vontade viver, um motivo para estar aqui ao invés dos inúmeros motivos que tenho para me sentir a pior pessoa do mundo, um lixo, aquela que veio ao mundo apenas para estragar a alegria das pessoas, me falta a vida. Um dia ouvi que pior que a morte é morrer de espirito, vejo isso como desistir, não ter mais vontade de viver, estar constantemente mal, o pior de tudo é que me sinto morta. Talvez eu seja só uma carcaça vivendo no piloto automático, dia a pós dia, esperando o famoso momento em que    o meu cotidiano irá me largar. Aliás, piloto automático é uma musica que me define, exceto pela parte de abraçar meus pais, pois nunca me dão espaço para isso e a cada tentativa de me aproximar é uma facada maior, uma decepção. Acho que sei como a bola se sente quando é jogada para escanteio. Eu não sou nenhuma mendiga, nenhuma paraplégica, mas quem são as pessoas para julgarem o tamanho das minhas dores, o que sou capaz ou não de suportar? O que para muitos é pouco para outros pode ser fatal, pessoas não são iguais. Aliás sou "inteira" como me dizem, mas talvez me falte algo, um pedaço do meu interior, afinal esse vazio não deve ser normal.