QUEM SOU EU PARA FALAR DE AMOR?
Como título do texto, utilizo o trecho da música Tango de Nancy, de Chico Buarque, para refletir sobre o que se trata o amor. Não tive, praticamente, nenhuma experiência amorosa, mas só Deus sabe o quanto invisto para isso, porém as pessoas não têm o mínimo de consideração. Será que as pessoas sabem o que é amar? Será que sabem amar sem nenhum interesse? Essas perguntas estão latentes em mim, e preciso escrever para continuar a minha jornada em busca de um amor.
A busca tardia pelo amor foi causada pela não aceitação do meu corpo. Sou gordo, sempre fui. Acreditei veemente que só as pessoas magras conseguissem alguém, por que são pessoas que a sociedade aceita, mas agora percebo que essa ideia é errônea. Todos têm direito de amar, logo também tenho. Atualmente, aceito o corpo que tenho e o amo.
Demorei muito para perder a virgindade. Minha mente e meu corpo necessitavam descobrir o que é sexo. A minha primeira vez foi sem nenhum romantismo e creio que foi algo até mecânico. Parecia que o sexo tinha um manual de instrução, a qual deveria seguir momentaneamente: primeiro os dois tiram as roupas, dão alguns beijos e abraços, depois sexo oral, sexo anal e por fim a ejaculação. Tudo bem cronológico. Além da cronologia, perdi a minha virgindade em um hotel de quinta categoria. Aí eu pergunto: cadê o romantismo? Sinceramente, não teve.
Essa prática mecânica estendeu para outras pessoas que me relacionei. O sexo parecia ensaiado, com tempo determinado. Às vezes me sentia até um ator, pois era algo tão mecânico que sentia que estava atuando. É engraçado se sentir como um ator em algo tão íntimo, sem falar que era praticamente uma cena de filme pornô gay. Meu Deus! A que ponto deixei a minha sexualidade se tornar algo tão frio.
Cadê a poesia? Cadê o amor? Cadê o romantismo? Cadê o flerte? Não sei. Sou uma pessoa da literatura. Amo ler sobre o amor, mas é difícil ler algo que não sabe como é na prática, ou seja, a teoria é mais fácil do que a prática, mas sem a teoria não existe a prática. Sei que ficou meio enrolado, mas é assim mesmo, bem eu acho. Sempre li, nas poesias e também nas prosas, que temos alguém a nossa espera e seremos felizes. Isso é lindo, mas cadê esse ser?
Muitas pessoas têm preconceito com o relacionamento online, mas eu não. Sinceramente, acredito que devemos encontrar alguém em nosso perímetro, mas e se não tiver? Vou ter que ficar esperando? Até lembrei da frase da Rose, velha do filme Titanic “Já faz 84 anos”. Pera aí, isso é tortura! Devemos procurar pessoas de fora sim, pois quem disse que o amor está tão perto. Sei que relacionamento da internet já é um tema muito discutido pelos youtubers, mas deve-se ser falado. Eu já tive experiências com namoros da internet. Levei fora, levei patada, mas, mesmo assim, continuo a usar essa ferramenta. Para mim é mais fácil escrever do que falar, logo namoro pela internet é mais fácil. Um grande problema do namoro pela internet é que escrever algo é fácil, porém sentir o que escreve é bem mais difícil. Tenho a consciência tranquila que apenas escrevo algo que sinto, diferente de muitas pessoas. Não estou dando indireta, mas é isso que acontece. Seria tão mais fácil que as pessoas fossem mais sinceras com o que escreve, mas, infelizmente, poucas têm essa percepção.
Falar com alguém, fisicamente, é algo árduo para mim. Não sei me expor e nem falar. Sei que não posso solicitar que uma conversa sobre relacionamento seja algo mecânico e esforçarei para isso. Na verdade, conversar cara a cara é muito complicado em qualquer situação interativa, como por exemplo quando um ente querido de um amigo morre. Eu não sei o que dizer; não sei falar aquelas frases bonitas de consolo e em uma conversa sobre relacionamento tange a isso. Não sou uma pessoa fria, mas tenho dificuldade de expressar o quero dizer na cara da pessoa.
Sinceramente, apenas tive um encontro com alguém. Menti que fui para casa de uma amiga para os meus pais, mas fui para a casa dele. Conversamos bastante, porém fiquei tão gélido, que nem fiquei perto dele no sofá. Parecia aqueles romances antigos, quando duas pessoais apaixonadas tinham que ter uma certa distância e só podiam pegar na mão uma da outra, quando estivessem namorando. Foi uma catástrofe.
Assumo o meu erro, mas era a minha primeira vez que tive um encontro. Isso não é algo tão fácil. Ninguém me deu dicas sobre a postura em um primeiro encontro, ou seja, fui reprovado.
Agora estou aqui, sozinho. Sem ninguém para amar. Bem, na verdade tenho uma pessoa: eu mesmo. Eu me amo, mas, sabe, é tão difícil saber que você não tem alguém para poder se relacionar. Não fazer coisas de namorados, tais como: abraçar, beijar, assistir um filme juntos, dormir de conchinha, sorrir por qualquer motivo. Vejo fotos de amigos e tenho tanta inveja disso, pois são essas coisas estão latentes em mim. Cadê o meu amor? Aonde está? Meu sonho é ter essas respostas, porém sei que não vou ter tão rápido.
Cada vez mais sinto o que quero é algo meio exclusivo. Quanto mais converso com as pessoas, cada vez mais é nítido que o relacionamento sério é uma realidade distante. Acho que quem ler isso vai pensar: “Nossa, como você está desesperado por um amor”, mas não é a questão. Tenho 27 anos e ainda não tive uma experiência amorosa. Fui culpado de colocar a minha graduação como prioridade, colocar a minha carreira como objetivo; fui culpado de deixar a questão da emoção de lado por muito tempo. Sei dos meus erros, mas quero repará-los e vou conseguir!
Eu acredito no amor. Acredito que o amor é o encontro de almas, que vai além do sexo, além da atração física. É nesse amor contagiante, sincero, harmônico que acredito. Provavelmente, ele não seja assim, mas quero arriscar em procura-lo.
Realmente, quem sou eu para falar de amor. Posso dizer que sou alguém em busca do amor na forma mais bela.