SOLITÁRIO

Quanto já caminhei por estradas solitárias, buscando apenas o consolo e o conforto de algumas palavras, já perdi a conta dos lugares por onde passei, das pessoas que conheci e de uma vida dura que batalhei para chegar até aqui. Tenho que confessar, que passei fome, passei frio, passei humilhação e muita necessidade. E as pessoas que eu convivia sempre me faziam a mesma pergunta! Vc não tem família? Porque eles não te ajudam? Eu não tinha palavras certas para responder, então ficava somente com a resposta todas as minhas lágrimas. Meu único companheiro naquele momento de angústia era um velho cigarro de palha, que me ajudava a esvaziar a tristeza enquanto eu o enrolava por entre os dedos calejados da vida dura. Hoje estou aqui no meio da multidão, tantas pessoas passam ao meu lado e nenhuma me enxerga, ninguém me nota, sou um simples velho solitário sem utilidade para ninguém. Minha casa? é aqui mesmo, nesse mundão que vc vê. Se sou feliz? As vezes sou sim, mas quando penso como é injusto esse mundo de desigualdade, onde tantos fazem questão de tão pouco, onde muitos esbanjam sua vida em rede social, onde o caráter deu lugar ao material, onde poucos se preocupam com as pessoas que estão ao seu redor, ai a tristeza invade meu ser, porque percebo que hoje eu não sou nada, que caminhei tantos anos da minha vida para morrer sozinho num canto qualquer. Não tenho família, não tenho riqueza, não tenho emprego e muito menos alguém para me apoiar, então eu te pergunto o que será de mim, mero cidadão do bem? Mas sem a oportunidade para recomeçar.

(By Leidy Guimarães)

Leidy Guimaraes
Enviado por Leidy Guimaraes em 16/03/2017
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