REFLEXÃO DIÁRIA: 15 DE NOVEMBRO DE 2016 - “Deus nos fez sem nós, contudo, não nos salva sem nós.” Dizia o gênio Santo Agostinho.
REFLEXÃO DIÁRIA: 15 DE NOVEMBRO DE 2016
Somos, todos nós, um conglomerado de misteriosas necessidades e impulsos que precisam ser arejados. Precisamos ter condições de nos expressar, de nos mostrar sem medo de rejeição dos outros. Muitas vezes, os problemas que mantemos submersos no fundo continuam na escuridão de nosso interior, indefinidos e, por isso, destrutivos. Não percebemos as verdadeiras dimensões dessas coisas que nos afligem até as definir e traçar linhas de demarcação numa conversa com um amigo. Dentro de nós, continuam nebulosas como fumaça, mas, quando confiamos nossa pessoa a alguém, adquirimos certa noção das dimensões e do desenvolvimento de nossa identidade, assim como a capacidade de aceitar-nos tal como somos.
É bem possível que nossos muros e máscaras dificultem esse momento. Nosso verdadeiro medo é o de ser rejeitados, de que a outra pessoa não nos compreenda. E também esperamos, durante muito, muito tempo, por trás de nossos muros, um som de tranquilização por parte de doutra pessoa; ou então olhamos atentamente pelas janelas de nossas torres, em busca de um Príncipe Encantado que venha e nos salve. Nesse ínterim, só podemos definhar. É muito provável que “revelemos em nossas ações” o problema submerso em nosso interior se nos recusarmos a “falar abertamente” deles. Revelaremos nossas aversões criticando destrutivamente as pessoas que nos rodeiam, ou revelaremos nossa necessidade de amor numa dependência emocional exagerada em relação aos outros.
E é preciso lembrar que, se quisermos amar verdadeiramente os outros, esses problemas reprimidos e suprimidos são obstáculos muito sérios ao amor. São nossas dores de dentes que nos mantêm centrados em nós mesmos, impedindo-nos de ser nós mesmos e de esquecer-nos de nós mesmos.
Texto de Por que tenho medo de amar?
Publicado em Reflexão Diária em 15 nov 2016
16 nov 2016 às 9:58 pm, joão bosco Diz:
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Creio que a revelação de nós mesmos é um mistério. Nem nós mesmos nos conhecemos direito. Isso se faz ao longo da vida.
E nas crises, como doi nos conhecer em nossas demandas nem sempre tão justas e demarcadas. Além de que é preciso confidenciar a um amigo quem somos na certeza de que seremos aceitos e o diálogo nos fará bem. E dependendo de nossa questão é com o confessor, com psicólogo e talvez com o pai e a mãe. Estes últimos são os últimos a saber de nós porque temos receio de que nos conheçam diferente do que nos veem.
Passamos uma parte da vida guardando nossos receios e fantasmas nos armários e arquivos da memória e os dispersando pelos caminhos diferentes – longos dos que amamos.
E quando nos advém a dor, a doença e a crise, então, tenhamos a coragem de nos revelar e ainda esconder.
Penso que esse esconde e abre-se é um jogo existencial longo e difícil para muita gente, implica maturidade e perdas. Uma capacidade de autoaceitação e de crítica ética e espiritualidade. Porque, não agradaremos a todos. E a alguns, nem sempre os teremos conosco em todos os momentos que se deseja.
A Deus, sim, um amigo invisivel e interno ao nosso ser: pode-se contar com Ele e é preciso alguns links espirituais e sacramentais, ou sinais, para materializar o sobrenatural na natureza e nas relações humanas. A graça de Deus se manifesta em momentos inusitados e contraditórios. Não que Deus e a graça sejam contraditórios. “Deus nos fez sem nós, contudo, não nos salva sem nós.” Dizia o gênio Santo Agostinho. Deus nos envio seu filho Jesus para que aprendamos a amar e perdoar. A não ser tão duros conosco. A levar a vida a sério, mas não tão a sério ao ponto de nos ferir e machucar aos outros. Claro, Jesus nos propõe um amor exigente: amar como ele e a perdoar a todos. Essa é a garantida de felicidade e a porta da eternidade. Quanto a nós, é preciso saber viver o Evangelho. Viver a cada dia como uma dádiva do Céu. Amar e deixar-se ser amado. Há alguns e muitos que não nos amarão por muitos motivos. Isso compete ao viver. E não temos domínio sobre os outros, apenas sobre nós e nossos atos – até mesmo em parte. Isso é uma responsabilidade com o mundo ético e fraterno como Deus quer de nós.