Até que a morte nos separe
Acredito que a pessoa que mais conversa com a gente é a gente mesma. Afinal, não nos separamos de nós em nenhum momento. Até quando dormimos, revelamos nossos sonhos mais inconscientes, incógnitos, loucos, românticos, trágicos, enfim... Até que a morte nos separe.
A maior parte do meu tempo passo comigo mesma. Me perco em pensamentos e reflexões que, às vezes, é melhor guardar apenas para mim. Esses diálogos internos são determinantes, pois a qualidade deles define nossos comportamentos e ações. Se penso comigo mesma coisas ruins, meus comportamentos serão consequências desses pensamentos, assim como meus diálogos internos positivos me fazem ver o lado bom da chuva, o aprendizado da espera, a validade do silêncio.
A boca faz o papel de crivo de nossos sentimentos, de avaliações e do que realmente vale a pena dizer. Não que minha boca se torne muda, passiva, mas uma boca lúcida, analítica após a reunião comigo mesma.
Como são nossos diálogos internos? Uma parte de mim diz sim, outra parte diz não, por vezes ouvimos mais a vida que grita fora de nós, a voz dos outros do que a voz própria, que inspira, orienta e que, por vezes, emudecemos e enfraquecemos. Começo a verificar quando as pessoas expressam: “eu sabia, alguma coisa me avisou, algo me dizia, eu tive a intuição”. Enfim... Constatamos essa voz interna, mas em muitos momentos somos surdos as nossas próprias vozes.
Observar meus diálogos internos tem me ajudado muito e creio que pode auxiliar muito as nossas relações se começarmos a dar mais atenção às falas internas. Que tipo de conversa você tem com você mesma? Não estou falando nem de delírio e nem de alucinação. Estou falando de nossos diálogos internos que nos levam, orientam, decidem e nos auxiliam em nossas escolhas, todas elas.
Mara Suassuna