Caneca quebrada

Certo dia um senhor estava caminhando e encontra uma pessoa murmurando. De imediato ele pergunta o que havia acontecido e teve como resposta que a sua caneca favorita, uma relíquia que nunca havia sido usada, fora quebrada pelo seu irmão. O senhor para alguns minutos já pensando em aconselhar a compra de outra para substitui-la, mas percebeu que naquele momento a sua opinião, seus conselhos não seriam ouvidos. E oferece o ombro amigo.

Deixou que a própria pessoa desabafasse sobre o incidente, e aí descobre que tudo havia acontecido por causa de uma ação intempestiva do próprio dono que ao vê-la nas mãos do irmão mais novo, toma-lhe violentamente e ao levá-la até a pia para tirar todos os vestígios do café, ela se choca contra a torneira e se parte…

O senhor agradeceu a Deus por ter lhe dado sabedoria para permanecer em silêncio. Pois jamais aquela pessoa aceitaria a responsabilidade pelo incidente. Porque era mais fácil para ela livrar-se de uma culpa e jogar no mais próximo do que refletir sobre as próprias ações.

Quantos de nós cometemos esses mesmos erros? Quantos de nós preferimos quebrar as nossas canecas a deixar expostas para que outros façam bom uso delas? A vida é como uma caneca, devemos preservá-la com carinho porque sabemos da sua fragilidade, mas ela só deixará marcas “de café” quando a tornamos útil para nós e para os outros. Uma caneca vazia, intocável, torna-se decorativa e perde a sua função primordial: Servir.

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Bahia, 2014

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