Esses são meus filhotes
O EMPURRÃO
A águia empurrou gentilmente seus filhotes para a beirada do ninho.
Seu coração se acelerou com emoções conflitantes ao mesmo tempo que sentiu a resistência dos filhotes a seus insistentes cutucões.
"Por que a emoção de voar tem que começar com o medo de cair?", Pensou ela.
O ninho estava colocado bem no alto de um pico rochoso. Abaixo, somente o abismo e o ar para sustentar as asas dos filhotes. E se, justamente agora, isso não funcionar?
Apesar do medo, a águia sabia que aquele era o momento. Sua missão estava prestes a se completar, restava ainda uma tarefa final: O empurrão.
A águia encheu-se de coragem. Em quanto os filhotes não descobrirem suas asas, não haverá propósitos para a sua vida.
Enquanto eles não aprenderem a voar, não compreenderão o privilégio que é nascer águia.
O empurrão era o melhor presente que ela podia oferecer-lhes. Era seu supremo ato de amor!
Então, um a um, ela os precipitou para o abismo. E eles voaram.
Às vezes, nas nossas vidas, as circunstâncias fazem o papel da águia: São elas que nos empurrão para os abismos.
E que sabe, não são elas, as próprias circunstâncias, que nos fazem descobrir que temos asas para voar? Mariliz Vargas
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Quando penso que ainda sinto as mesmas emoções conflitantes que a águia sentiu...
Quando meus filhos ficaram a primeira vez sozinhos na escolinha;
Quando dei aquele empurrão na bicicleta, a primeira vez que tirei as rodinhas, para os filhotes aprenderem a se equilibrar;
Quando tirei minhas mãos de baixo da barriga deles a fim de aprenderem a nadar;
Quando os coloquei dentro do ônibus, para irem sozinhos à aula do Kumon, ele com apenas 9 e ela com 12 aninhos;
Quando pediram para irem com os amigos ao cinema.
Nossa, ainda preciso dar tantos empurrões, mas o farei com firmeza, por que quero vê-los saber voar tão alto quanto as águias.
Madalena de Jesus