As Aparências enganam,mas às vezes elas nos SURPREENDEM!!!
Há dois anos,numa segunda de carnaval,meu carro furou o pneu numa avenida principal da cidade onde moro. Sendo cidade turística,estava lotada. Como antes nunca havia precisado trocar pneu liguei para um borracheiro de plantão e tive que aguardar por quase quarenta minutos,peguei um livro e fiquei dentro do carro em frente a um hotel bem conceituado.
Enquanto aguardava comecei a observar a movimentação das pessoas. Um grupo de varredores de rua sentados próximos ao ponto de ônibus de um lado e vários turistas alvoroçados para irem à praia. Ambos os grupos estavam bem animados. No grupo dos varredores uma moça alegre e muito falante e risonha chamava atenção,ria e brincava o tempo todo. Esbanjava carisma e simpatia. O grupo estava tomando café sentados num meio fio da rua paralela à principal,bem próximo ao ponto de ônibus. A moça devia ter uns 25 a 30, cheinha,mulata e tinha um bom papo ,pois todos do grupo interagiam com ela. No outro lado da calçada,onde eu estava,uma outra jovem me chamou a atenção. Cabelos negros lisos e cumpridos,pele branca como a neve,parecia uma boneca de porcelana,onde a boca vermelha se destacava no rosto translucido.
A moça também estava acompanhada do grupo de turistas. Ela estava impecavelmente vestida para uma festa,destoando na maioria do grupo que vestia roupas praianas. Ela meio afastada parecia impaciente e infeliz. Não sorriu em nenhuma momento e não se socializou com ninguém do grupo,e várias pessoas tentaram conversar com ela,que de cara amarrada parecia não ser nada popular entre os amigos.
Fiquei tão distraída olhando para os dois grupos que nem percebi que o tempo havia fechado e uns pingos de chuva grossos me obrigaram a fechar os vidros do carro. Nesse instante vi a moça emburrada falar ao celular com alguém e apressada tentar atravessar a rua para o lado onde os varredores tomavam café,concomitantemente vi o pessoal dispersar e a moça do grupo de varredores tentando atravessar para o lado onde estava meu carro. Por obra e acaso do destino,ambas preocupadas com o fluxo de veículos não perceberam a tempo que estavam na mesma direção e colidiram,uma bateu na lateral da outra,uma perdeu deixou cair os óculos e a outra o celular. A moça do lado dos varredores em estado de total descontrole começou a gritar e ofender a moça de porcelana. A moça não reagiu e sua única preocupação foi saber se a outra tinha se machucado. Enquanto a moça dos varredores falava sem parar,a moça procurando os óculos da outra só perguntava,preocupada em saber se estava tudo certo com a outra. E sem se importar com o machucado feito com a pá de juntar lixo na hora da colisão. O sangue vivo escorria na pele cor de neve. Por fim juntou os óculos quebrados pela queda,abriu sua bolsinha fashion e cara e desembolsou quinhentos reais para concerto dos óculos e generosamente pediu perdão pela distração que causou a batida. A outra sob estado de fúria ofendeu e humilhou a moça de porcelana.Vi o borracheiro que chamei chegar e tive que atendê-lo,mas ficou registrado na minha mente como as vezes somente conhecemos o que alguém tem por dentro numa situação de emergência.Minha mente estava preparada para ver o contrário do que aconteceu e confesso que realmente me surpreendi..