Dia 2 — Porto Alegre 01/04

Dia 2 — Porto Alegre 01/04

acordei de uma maneira totalmente estranha e jogada na cama, sonhei com tantas coisas estranhas e barulhentas, quando percebi que na verdade todo barulho vinha do lado de fora da minha cabeça com esses gaúchos montados nos seus sotaques e até cachorros cheirando minha porta, era no começo da manhã, dormi mais um pouco se sentia com a cabeça e pernas pesadas. Fiquei parado na cama apenas existindo, decidir de fato tomar um banho e começar o dia, tinha um suco de pêssego na geladeira, tem coisas que valem a pena apenas no suco, uma delas é o pêssego, passei os próximos minutos lavando umas camisas que tinha molhado com a chuva de ontem, não estava nos planos, 2 camisas em 2 dias, mas fazer o que, coloquei para secalas e decidi o destino de hoje, fui até a Orla do Guaíba, não é tão longe daqui, nas ruas cenários da destruição causadas pela tempestade de ontem, galhos, árvores, fios, barro e até lixeiras espalhadas por aí, o Guaíba estava com as águas cinzas, julguei que fosse por causa da chuva, um vento frio, e pouca gente, realmente aqui entendi a real dimensão dos alagamentos do ano passado, por que existem como se fossem arquibancadas ate o asfalto, a água subiu muito, sai andando de volta atrás de um almoço, parei em um lugar onde não tinha mesas individuais, tomei uma mesa de 4 lugares, e não demorou muito para encher, até que um jovem gaúcho diretamente dessas bandas gaúchas do começo do século com um violão pediu para sentar na mesa, quieto e calado eu que puxei papo com ele perguntando se era um violão ele disse que sim, continuando o papo perguntando se eu tocava, eu disse que bateria, mas que não era daqui, dei tchau para ele vim para casa, a cabeça continuava pesada, então dormi mais um tanto, e sonhei com os próximos passos dessa viagem louca, pulei num sobressalto e decidi ir até o mercado municipal, peguei um carro de aplicativo e fui até esse lugar insano e enorme com muitos cheiros e cores, pessoas de tudo que é tipo, tem de tudo, gente vendendo peixe e cortando de uma maneira teatral, jovens hipsters tomando cafés, tios e tias cansadas da vida comendo um pastel, fui nessa onda e pedi um pastel de carne com queijo, muito bom por sinal, veio acompanhado de uma maionese verde que parecia estar muito boa, mas tive medo de comer pois o cheiro de alho estava muito forte, comi e segui meu caminho rumo a um bar, trombei num sebo onde vários senhores faziam uma espécie de grupo da leitura discutindo algo tão avidamente que ficaria ali observando-os, mas segui meu rumo depois de comprar De Vagões e Vagabundos do Jack London, Os Subterrâneos do Kerouac e uma versão pocket de A Divina Comédia de Dante, paguei para um senhor de fala mansa que me desejou boa leitura, agradeci e segui por uma tarde nublada na bonita e caótica Porto Alegre.

cheguei nesse bar incrível e temático com times de futebol tinha aqueles lenços do mundo todo, tomei um chopp dei uma olhada nas minhas aquisições troquei um papo com um garçom sobre como o povo gaúcho ama esses esporte e como eles são territorialistas, de onde será que vem isso, nos contra eles, maragatos e chimangos, esse povo se odeia entre eles mas se junta contra os de fora, deu até vontade de arrumar uma camisa do Paraná Clube e sair pelo mundo para dizer de onde vim.

Guilhermismo
Enviado por Guilhermismo em 16/04/2025
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