LABIRINTOS PRÓPRIOS
Um susto
desperta o que dormia nas margens da alma.
O encanto chega breve,
feito luz atravessando frestas,
prometendo mundos que não existem.
Logo, o desencanto se assenta
como pó sobre móveis antigos,
revelando o que antes não se via.
O sonho caminha entre esses extremos,
nem mentira, nem verdade,
mas uma forma de respirar no meio do caos.
E a lucidez...
não é silêncio,
não é certeza —
é o instante em que se olha no espelho
e se reconhece.
Nós nos perdemos,
não por fraqueza,
mas porque amar é perder-se
em labirintos próprios.
Acreditar é caminhar
mesmo sem saber
se há chão.
Tião Neiva