Memo-Desmemo-9-cobrar sem trabalhar?

Acho-me nestes dias numa situação rara e estranha: fui convidado a falar sobre Johán / João Vicente Viqueira / Biqueira na Faculdade de Filologia [Facultade de Filoloxía, no meio "galego-castelhano" imposto por governantes ignorantes ou por governantes indignos ... Não sei qual será pior].

Foi o dia 25 de fevereiro. O ato decorreu com normalidade cordial: o palestrante expôs como melhor pôde e as pessoas assistentes mantiveram-se atentas. Tudo um presente que agradecer.

Acabado o ato, fizemo-nos uma foto ou um self ... e passado um dia recebi aviso escrito para formalizar a cobrança de um estipêndio. Há um inconveniente: careço do requisito que precisaria para cobrar, segundo me é exigido.

...

Esse requisito (de cobrança) e em geral a ocasião de falar em público com liberdade, lembraram-me casos velhos, em que sim cobrei, ainda que mais para expor ao público previsivelmente assistente ideias, opiniões, argumentos ... em definitivo, o meu, nosso trabalho ...

Seja como for, respondi à pessoa representante económica da UDC em termos semelhantes aos seguintes:

Minha senhora, não disponho de assinatura eletrónica. Estou retirado ... Sempre o estive nessas cousas de cobrar por palestras ou conferências em instituições oficiais ; estou totalmente descostumado.

Digo mais: acho que é a terceira vez que me pagam por fazer algo em prol do Galego, "lingua propia de Galicia", que diz o "Estatuto de Autonomía para Galicia" (1981), do "Reino del Bourbon" denominado "España".

...

Bom, nessas duas ocasiões anteriores pagaram-me por ... ou para não fazer públicas as minhas intervenções.

Explico-me. Uma tinha de ser oral, na Ponte Vedra ... Uma "mesa redonda", que se diz por cá, sobre o Galego e os seus usos no ensino. Estaria nela a "directora xeral de política linguística", uma pessoa curiosa, de dupla militância, na Alianza Popular, do Fraga, e no Partido Galeguista, divertido, n'é? Mas, no momento de iniciar o ato, a senhora "directora" cominou os responsáveis do sindicato UGT (socialista) a prescindir da minha presença ou ... Em definitivo, ela ou eu. Logicamente os sindicalistas, apesar de socialistas, optaram pela "autoridade competente". (Todas as "autoridades competentes", são "competentes", enquanto são "autoridades" ...)

O caso resolveu-se facilmente: UGT pagou-me ... e na "mesa redonda" só apareceu a citada DXPL.

Noutra ocasião, outra pessoa, secretário da Associaçom Galega da Língua, e mais eu fôramos encarregados por Caixa Galicia a redigirmos notas sobre gramática galega para as publicar na revista dessa entidade bancária. Entregamos, por adiantado, duas notas para outras tantos números da revista.

Mas houve "alguém" que interferiu de modo a impedir a publicação dessas notas. Ignoramos quem fosse ... um tal CG ou outro tal RL? ... Não sabemos. Seja como for, a entidade pagou religiosamente as nossas notas, mas estas não apareceram publicadas .... Por que? Simplesmente porque nós entendíamos e entendemos que o Galego vem a ser o Português da Galiza (como sem dúvida o Português vem a ser o Galego original na Lusofonia).

Eis umas curiosas memórias de 1982/1983 (choveu!) suscitadas por um episódio atual, de muito diversa ordem ...