O GRANITO FRIO E A LÁPIDE.
*O granito frio e a lápide.*
No granito preto,
os nomes repousam,
gravados com precisão,
mas não com ternura.
São nomes que conheço,
que um dia chamei na mesa,
no quintal ensolarado,
nos dias que nunca pareciam ter fim.
Agora estão aqui,
presos à frieza da pedra,
como se esta pedra dura
pudesse conter o calor
do amor que nos uniu.
Este lugar não é deles.
Este frio, este silêncio,
não combina com suas risadas,
nem com as histórias que contavam
como quem respira.
O vento passa,
murmura entre as árvores,
mas não traz suas vozes.
As folhas caem,
mas não trazem seus passos.
Olho os nomes,
os mesmos que um dia escrevi,
os que guardei no coração,
e digo ao granito:
Vocês não pertencem aqui.
Esta tumba,
que tenta guardá-los,
não entende
que sua presença
sempre foi calor,
sempre foi vida.
E enquanto meu olhar repousa na pedra,
lembro-me:
Eles não estão aqui.
O frio é apenas da pedra.
O amor, esse,
nunca se apaga.
*Vasco Toledo*