A Morte não existe

Feriado Nacional da Proclamação da República, 15 de novembro.

 

Passados alguns anos/calendário, cá estou a reviver momentos de uma sexta- feira, 15 de novembro.

 

Você, no auge de seus 30 anos, recém -completados, cheio de vida e disposição.

Banho tomado, perfume no cangote, lindo em sua jaqueta de couro, e calça jeans. Ajeita os cabelos molhados, e sorridente nos acena com um até logo.

Escuto o ronco do possante motor de sua moto.

 

Aquele 15 de novembro, e todos os demais se tornaram inesquecíveis.

Não pelo 15 novembro - proclamação da República.

Mas pela triste proclamação de sua precoce partida.

 

O caçula de um time de onze irmãos, não voltou pra nossa casa.

Em um lamentável acidente , você nos deixou, e foi habitar em uma das moradas do PAI.

Foi difícil assimilar a dor e seguir sem você.

 

Você, o nosso menino, o meu menino

Quando você nasceu, fui promovida ao cargo de sua irmã/babá.

Você foi o meu bebezinho, cabelos cacheados e dourados, feito um anjinho barroco.

Eu, no auge de meus 11 anos, já estava capacitada para ser auxiliar e aprendiz de mamãe.

Cuidava do seu banho, o segurava no colo. Quando começou a engatinhar o levava comigo para as brincadeiras.

Eu também era uma criança,e brincávamos na areia.

Depois o segurei pelos braços, amparando seus primeiros passos.

Você cresceu saudável.

Se tornou um jovem trabalhador, amigo dos amigos.

Sua paciência e gentileza nos comovia.

Garoto tranquilo, da paz.

 

Ah, menino! Você faz muita falta aqui.

Nosso time ficou desfalcado.

Como substituir o garoto que era a personificação da humilde?

Como substituir o adolescente que foi a parceria que toda irmã mais velha sonhou?

-Me ajude com a louça...

-Me ajude com esta porta quebrada...

-Me ajude com a limpeza da casa....

 Você - mas bem agora?

-Tá bom !

E lá estava você colaborando nos afazeres domésticos.

Crescido, alçou voos em busca de seus sonhos.

Voos curtos, você passou rápido por aqui.

Mas tempo suficiente para conquistar a sua tão sonhada moto de cor preta.

Ironicamente a apelidou de viúvinha, e estava com ela naquela fatídica noite.

 

Nosso time segue com dez jogadores.

Você é insubstituível.

Segue mais vivo do que nunca em nossos corações 💕

Tenho certeza, que hoje você reinou no coração de cada um de seus irmãos.

Nosso caçula continua presente.

Continuará presente neste plano, até que chegue a Hora de cada um de nós.

 

Quem sabe, retomaremos a formação deste lindo time, quando  todos nós atravessarmos para o outro lado do Caminho.

 

Que o nosso Deus, possa nos colocar na escalação para uma diferente partida.

 

A partida para o grande reencontro.

 

Até lá, meu amado Itamar.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Gracieluz
Enviado por Gracieluz em 15/11/2024
Reeditado em 15/11/2024
Código do texto: T8197660
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