Poema e Ortografia

Poema à Ortografia

Tive um sonho aterrador.

Um ponto corria atrás de mim,

e, ao virar a esquina,

um gerúndio me espreitava.

Ofegante, eu tentava escapar,

mas uma vírgula me alcançou —

sussurrou com frieza:

“Esqueceste de mim em tua oração.”

O pretérito perfeito

me levou em custódia,

meu futuro imperfeito

vestiu-me de culpa e listras.

O ponto veio à minha cela,

olhar grave, implacável:

“Nem uma simples tilde respeitas,

atacas-nos com tantos erros.”

Ah, queridas regras da língua!

Implorei pelo perdão,

pelas falhas em minha pontuação,

nos sotaques, nos verbos… mas não me ouviram.

O alfabeto era o juiz,

um ditongo, meu advogado;

condenaram-me à prisão sem apelação,

sem parênteses… e sem perdão.

(Anônimo)

Dedicado a todos que enfrentam o desafio de escrever com precisão.

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Enviado por Selma Braga em 14/11/2024
Código do texto: T8196373
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