Mãe Eterna
Recentemente, minha filha primogênita partiu em viagem para fazer um curso. Antes de sair, nos reunimos em oração, um momento de união que parecia selar a proteção divina sobre ela. Quando finalmente se dirigiu à porta, vi seu filho mais velho carregando a bagagem com um ar de responsabilidade precoce, enquanto a caçula a seguia com os olhos brilhando de curiosidade e apego. A imagem diante de mim foi um misto de ternura e nostalgia, trazendo à tona memórias de minha própria mãe.
Hesitante, minha filha estendeu os braços, tentando alcançar os dois filhos ao mesmo tempo, como se, naquele breve gesto, pudesse transmitir todo o amor e segurança que eles precisariam em sua ausência. Era como se uma parte dela resistisse à ideia de partir, desejando manter os filhos sob seu abrigo invisível. Se pudesse, ela os levaria consigo, ou, quem sabe, ficaria ali, imóvel, sentindo o calor das suas presenças sob sua guarda protetora.
Essa cena me fez refletir sobre a insuficiência das palavras para descrever o sentimento de mãe. É um amor que transborda qualquer definição, um sentimento inabalável, insubstituível e que se expande até tocar o que chamamos de infinito. É um amor que não se explica, apenas se vive em sua plenitude silenciosa e constante.
Ao me lembrar de minha mãe, posso sentir novamente aquele senso de proteção que ela transmitia. Ela desejava que nós, seus filhos, permanecêssemos sempre sob suas asas, como se o simples fato de estarmos próximos fosse suficiente para manter o mundo em ordem. Quando as chuvas vinham fortes e ameaçadoras, ela nos reunia em casa, insistindo que nos deitássemos juntos, à vista de seus olhos vigilantes. Era como se, naquele momento, nada pudesse nos atingir enquanto estivéssemos sob a sua presença.
Minha mãe era a personificação da força e do cuidado. Percorria nossos caminhos com soluções práticas, sempre pronta a transformar obstáculos em aprendizagens e desafios em momentos de união. Havia uma sabedoria em seu olhar, um jeito de nos ler sem que precisássemos dizer uma palavra. Esse olhar, por vezes, me assustava, pois parecia desvendar até os segredos mais bem guardados do meu coração.
Para ela, ser mãe nunca teve um ponto final. Não importava a idade que tivéssemos, ela estava sempre ali, como se a maternidade fosse um papel eterno, imutável e vitalício. E, de todas as qualidades que ela possuía, essa é a que mais me fascina e inspira: ser mãe no tempo eterno do "sempre". Sua presença era infinita e incondicional, uma prova viva de que o amor materno não conhece fim.