A casa de minha avó
Naquela casa onde as manhãs começavam com um abraço de bom dia, seguidas de passeios no centro da cidade ou no mercado.
Naquela casa onde as tardes tinham cheiro de brigadeiro e bolinho de chuva, acompanhadas de livros e filmes antigos, as nossas conversas moravam na eternidade do tempo, nelas, sonhos eram um assunto frequente.
Naquela casa havia um jardim secreto onde a menina que fui brincava de ser fada mas também brincava de ser bruxa entre roseiras e jabuticabas.
Naquela casa, na qual minha avó se sentava em uma poltrona ao final da tarde para ler o jornal enquanto eu adormecia tranquilamente no sofá...
De repente eu acordava aconchegada na cama sem saber como havia chegado lá, e já era hora de ir embora para estudar.
Naquela casa onde a janela era um portal mágico para o mundo lá fora e ficávamos horas, eu e a senhora, observando os vizinhos na rua enquanto a senhora me contava histórias de sua época de criança.
Um dia acordei, a casa não existia mais, a senhora havia partido, o nosso vínculo se rompido...
A adulta que sou hoje, há muito que não se recorda de ter um sono tão tranquilo quanto o daqueles finais de tarde.
O tempo cada vez mais acelerado, carrega junto o peso da idade que deixou nossas histórias para trás, um passado de memórias que não pretendo esquecer jamais.