Alguns Instantes
Há tempos, distante de mim mesma, estava em um bar de uma amiga. As emoções que antes faziam parte de mim já não existiam, e a tristeza de mais um domingo solitário me envolvia.
De repente, ouço um rapaz, aparentando ser mais jovem, me saudar de forma cordial e carinhosa. Sorri e respondi com afeto, iniciando uma conversa. As palavras dele fluíam naturalmente, sem que eu soubesse como ou por que, e me permiti o prazer de escutar aquelas suaves conversas.
Ele falava, ao som de Júlio Iglesias, sobre como seria se fôssemos namorados. Imediatamente, minha mente se encheu com a imagem de um momento cheio de carinho, respeito e amor. Era domingo, e eu havia sido deixada ali por um namorado da época. Permaneci sentada, respirando o ar típico do domingo, aquele com sabor de família se preparando para a sagrada refeição do almoço.
Via pessoas passeando, algumas saindo da igreja, outras acompanhadas de seus filhos e da tradicional bicicleta na praça. Sentada, observei a vida ao redor.
Por um instante, aquele homem me encheu de alegria, me fez sentir como se estivesse vivendo a vida de um casal feliz. Naqueles breves momentos, não quis olhar o relógio, não queria saber das horas, minutos ou segundos. Meu desejo era viver plenamente aquele instante que ele agora me oferecia.
A melodia continuava a embalar minhas memórias, agora repletas de alegria. O tempo, indiferente, não parou. Os ponteiros do relógio seguiram, sem ouvir meu apelo. Ele sorriu e partiu.
Não o vi mais, mas sei que, daquele momento em diante, ele passou a morar nas minhas mais belas memórias.