Saudade que Aconchega

Às vezes os olhos umedecem,

A lembrança surge lá do fundo.

Os outros até que se esquecem,

Mas, em mim, há um lamento profundo.

O quintal com cerca quase inexistente,

As árvores de frutas que matavam a fome.

As brincadeiras na rua, como gente inocente,

Os bailes nas salas... Aahh nem sei mais seu nome.

Às seis horas, o momento da Ave Maria,

Mamãe, meus irmãos e eu, fé e devoção.

Era no terço, a reza que nos protegia,

E a noite tinha histórias de assombração.

No jardim improvisado, tinha ervas e flores,

Com tanto carinho que mamãe cuidava.

E eu, curioso com todas as cores,

O nome das plantas e flores perguntava.

De dia, eu brincava sozinho,

Com os brinquedos que mamãe trazia.

No imenso quintal, meu reino,

Riscava no chão minha cidade vazia.

Cresci feliz, brincando e sendo amado,

Mamãe nunca deixou que nada faltasse.

Acho que agora eu sinto aqui do lado

A dor no peito, se a saudade falasse.

As mães deveriam ser eternas,

A gente nunca as deixa partir.

As tardes sem ela são sempre cinzentas,

Por mais que as lembranças me façam sorrir.

Paulo Siuves
Enviado por Paulo Siuves em 19/09/2024
Código do texto: T8155398
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