UM HOMEM DESCONHECIDO
Eu era uma jovem cheia de vida, de planos, de sonhos... sonhava em ser uma grande médica de sucesso, mantinha esse sonho vivo todos os dias da minha vida, ia para a escola feliz, com sorrisos estampados em meu rosto. Eu era a melhor aluna, me dedicava todos os dias em todas as disciplinas, para quando finalizasse o ensino médio, ingressar para a universidade. Mas, infelizmente, esse sonho foi descontinuado de uma forma drástica e dolorosa.
Era mais uma noite comum, quando estava voltando da escola, no auge dos meus 17 anos, com a maioridade se aproximando, os planos aumentavam, sempre linda e irradiante, com meus cabelos longos e lisos, imaginando que logo estaria vestida com meu jaleco e sentada na cadeira que estaria reservada a mim.
Naquela noite, fui seguida por um homem desconhecido, ou melhor dizendo, um monstro. Ele me arrastou para uma pequena mata que havia pelo caminho na volta da escola. Aquele homem havia mapeado meu trajeto por vários dias e saberia o momento certo de me atacar.
Aquele homem extinguiu todos os meus sonhos no momento em que me abusou. Naquele instante, pereceu aquela médica brilhante que eu pensava que me tornaria, sucumbiu à mãe incrível que um dia me transformaria, findou a esposa fantástica que um dia me tornaria, padeceu tudo que era mais belo dentro de mim e foram preenchidos todos esses sonhos em grandes e infinitos vazios e uma imensa solidão. Lutei por muitos anos contra essa repulsão, contra o medo, contra a ansiedade, contra a depressão.
Hoje carrego em mim essas marcas indeléveis, e quando fecho os olhos sou capaz de reproduzir aquela cena em minha mente como se estivesse acabado de acontecer. Hoje não posso culpar ninguém pelo que aconteceu, tento seguir a minha vida da forma mais agradável possível, tentando desmemoriar as dores que aquele homem desconhecido me causou.
Esse texto foi escrito para uma amiga que foi abusada aos 17 anos, quando ainda era virgem, após eu ter pedido a ela uma sugestão de um tema.
11 de setembro de 2024