Bicos de Leites
Entre os anos de 2002 a 2006, eu e um amigo, chamado Ciro Ney, trabalhavamos juntos fazendo um jornal para a Prefeitura da cidade de Areia Branca. Ele era o mentor e eu o diagramador, que tinha um pouco mais de conhecimento na área de informática. O que ganhava era suficiente para me manter e ajudar minha família na época.
Essa amizade teve início bem antes, quando ainda trabalhava no Jornal O Mossoroense. Certo dia, a UNIMED de Mossoró pediu que enviasse um diagramador para fazer o jornal da instituição. Chegando lá, Ciro me recebeu e me passou como queria o serviço. O que me rendeu por algum tempo um dinheiro extra, já que o jornal da UNIMED saia algumas vezes no ano.
Quando chegava da universidade, descia no ponto de ônibus e já subia para o apartamento para trabalhar com Ciro.
Digitação ou diagramação. Blogs ou sites ainda não tínhamos instrumentos como se tem nos nossos dias. Sempre foi algo prazeroso. A convivência era boa e em relação ao trabalho sempre entregávamos no prazo o que nos era exigido. Ciro com sua formação em História e Jornalismo, sempre foi alguém muito responsável e gostava de pessoas que tivessem essa qualidade e outras mais. Conversávamos sobre tudo.
Nos feriados ou nos fins de semana, viajava para Tibau, onde a casa de praia nos esperava. De frente para o mar, na área, bebíamos algo, conversavamos sobre novos ou futuros projetos.
Me sentia em família, com a família Leite. Desde o Ciro, aos seus irmãos Mary Ione e Lúcia, a seus sobrinhos Breno e Bruno, seus pais Chico Leite (in memoriam) e Wanda Leite (in memoriam), sua companheira e seus filhos. Comida nunca faltava, festa era sempre convidado e dinheiro sempre sobrava. Nas conquistas sempre vibraram comigo e ficavam tristes nas derrotas nas batalhas da vida.
Certo dia, por acaso, fui fazer uma compra. Descobri que meu nome estava negativado no SERASA. Um amigo que trabalhava no órgão na época informou porque meu nome tinha ido parar na lista de inadimplentes.
Veio uma energia negativa. E pensei comigo: “Meu Deus. Aparece cada coisa.” Mas, veio uma brisa e respirei profundamente. E eu pensei para mim mesmo: “Eu não sou o cupado disso.”. E fui falar com um amigo advogado. Dr. Gilvan.
Ele, através do sistema, procurou saber o que tinha ocorrido. Descobriu que alguém usara minha documentação, que eu tinha perdido no Bar Cheiro Nordestino, para realizar um empréstimo em duas empresas do Silvio Berlusconi.
Imediatamente, ele entrou com uma ação, que logo tirou meu nome da lista de inadimpentes. E a coisa começou a rolar na Justiça. Eu, para ser sincero, como nunca tinha ativado algum órgão dessa natureza, não sabia o que iria acontecer. O juiz, então, proferiu a sentença a meu favor, antes que ocorresse a audiência final.
Meses depois, Dr. Gilvan me liga e me diz: “Olha o advogado da empresa quer fazer um acordo com você”. E eu respondi: “Fale para ele que não tem acordo. Eu só aceito o que o juiz proferiu.” Ele sorriu e desligou. Uma semana depois, Dr. Gilvan me liga e diz que o advogado da empresa, aceitou a pagar a quantia que o juiz determinou. Tomar essa atitude, era fruto do conhecimento que tinha dos casos de corrupção que Silvio Berlusconi estava envolvido, de saber de toda sua riqueza material, na política ou com times de futebol.
Sorrindo, ele me disse que o advogado não entendia porque eu não quis aceitar o acordo e que só iria pagar o valor, porque a loja estava fechando no Brasil. Graças a Deus e ao advogado, recebi uma generosa quantia.
Luceat lux vestra.