Primeiros anos na escola

Foi no ano de 1981 que comecei a frequentar a escola em Mossoró (RN). Ela se chama Escola Estadual Cunha da Mota. Tinha 7 anos e foi a primeira vez que fui para um ambiente sozinho.

No primeiro dia de aula, quem foi me levar foi minha irmã mais velha, Mara. Chegando no portão, ela perguntou se eu saberia ir por mim mesmo e respondi que sim.

Entrei na fila. E depois junto com outros alunos da minha turma fomos encaminhados para nossa sala. Fomos apresentados a nossa professora. E para minha felicidade, a minha professora foi minha madrinha de fogueira: madrinha Zezé.

Logo, fui me habituando. Fazendo amizades. Gostava das atividades e sempre fui muito elogiado pela professora. Chegava mesmo a ficar constrangido, uma vez que observava que os outros alunos não faziam suas atividades escolares em suas casas.

O horário do lanche era também muito agradável. Quem vinha de família humilde, comida sempre foi essencial. Eu fui me acostumando aos poucos. Leite com nescau, cuscuz com verdura ou bolachas. Tinha uma certa diversidade.

Minhas notas sempre foram muito boas. Estudar para mim nunca foi uma obrigação mas um hobby. Fui me soltando aos poucos. Sorria e fazia os outros amigos e amigas sorrirem.

Determinado dia da semana, cantavamos o hino nacional. Foi fácil aprender.

Quando dei por mim, certo dia, estava me “divertindo” empurrando os colegas que estavam na fila. E fui repreendido, sendo levado para a Secretaria da escola. Fiquei um pouco nervoso. Ouvi um “sermão” da professora de religião que também me conhecia muito bem, Fabíola Vale. Compreendi que existia outras formas de brincadeiras mais sadias.

Passar de ano foi muito fácil. Só tenho a agradecer a Deus por tudo. Durante os 4 anos do Primário, minhas notas sempre foram acima da média. Existia até uma comparação sadia.

EPILEPSIA

Comecei a praticar Educação Física. Era 3 dias na semana. Futebol de quadra depois de um aquecimento, antes do café da manhã. Depois o futebol rolava até cansar.

Durante um jogo, senti algo estranho. E pensei comigo mesmo que minha mãe estava me chamando. E fui saindo de quadra. Quando estava um pouco distante meus amigos gritaram e perguntaram: “Para onde você vai?” Eu disse: “Mamãe está me chamando.” Ao passo que eles responderam: “Mas sua mãe não está aqui!”

Essa foi minha primeira ausência. O cerébro sem oxigênio. O Transtorno epiléptico começava a dar pequenos sinais. Ocorreu outras vezes – não sei quantas.

Minha mãe foi chamada. E relataram para ela o que estava ocorrendo. Fui levado a um médico Neurologista. Dr. Fabiano Oliveira que me atendeu, fazendo um exame e meu primeiro diagnóstico.

A família ficou triste. Minha irmã se angustiou pensando no meu futuro. Eu ainda não tinha amadurecimento para entender a dimensão daquilo em nossas vidas, em minha vida, principalmente, claro. Passei a tomar medicação, desde então.

Depois fomos à Natal. Lá também o diagnóstico, depois de uma junta médica, foi quase o mesmo. Teria que aprender a conviver com esse transtorno até o final de meus dias.

Canindé Neres
Enviado por Canindé Neres em 08/09/2024
Reeditado em 08/09/2024
Código do texto: T8146712
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