MEU PÉ DE ABACATE

Quando eu desejei ter você, meu pé de abacate, não pude mais tirar você dos meus pensamentos, nunca mais parei de pensar em ti, nos teus frutos, na tua sombra, no teu cheiro, nas tuas cores...

Estava ansioso em te ver crescendo no meu quintal.

Sabe, tu terias vários irmãos frutíferos, digamos assim, que assim como você iriam dar belos frutos.

Mas confesso que tu foste o mais desejado, o mais cuidado, dormia e acordava pensando em ti.

Engraçado, sonhava em ver teus frutos saudáveis crescendo, mas, ao mesmo tempo, não queria que eles saíssem dali para serem consumidos, pois o meu desejo era ficar admirando aquele verde escuro – abacate até que eles caíssem no chão e ver as folhas balançando ao vento.

Dava uma voltinha pelo quintal, que era enorme por sinal, ia até o pé de acerola, o pé de manga rosa, os pés de bananas, pés de canas e até o açude cheio de peixes, mas nada disso me chamava tanto a atenção igual ao meu pé de abacate.

Entre uma ligação e outra que atendia, eu sempre voltava para te admirar.

Meu lindo pé de abacate, eu cuidei de ti muito bem quando ainda estava nesse plano, hoje lá de cima, ainda continuo a admirar-te, mas confesso que sinto ciúmes de quem se aproxima de ti.

Quero também pedir ou dar uma sugestão a quem plantou um pé de trepadeira na minha nova morada. Não imagina o quanto me deu alegria, mas ficaria eternamente feliz se pudesse morar com meu novo e lindo pé de abacate.

Para o meu amado tio, Naninho (in memoriam), que era obcecado pelo seu pé de abacate.

03 de setembro de 2024.