VOCÊ NUNCA EXISTIU
Tem coisas sobre você que só eu sei, só eu entendo. Seus segredos estão guardados comigo, seu cheiro ficou na memória, assim como todas as lembranças. Há coisas que ainda não senti, não estou pronta para te deixar ir, não por completo. Uma parte de mim dói, mas outra está dormente, como se eu não sentisse absolutamente nada. Você me fez questionar tudo e levantar um muro enorme de inseguranças ao meu redor. Tudo, absolutamente tudo me dá gatilho. Tenho desviado meus pensamentos e atenção de você, e me sinto forçada a suportar e ser firme. De todas as coisas que aconteceram até agora, a mais difícil não foi a traição; o mais difícil é não conseguir me perdoar por ter aceitado entrar nisso com você, por ter deixado você ser a primeira mulher com quem me relacionei, a primeira em quem acreditei cegamente que iria casar, a primeira com quem criei uma rotina, cozinhei e até fiz uma playlist com minhas músicas favoritas, que hoje nem consigo ouvir. Você foi a primeira com quem me senti à vontade por qualquer coisa. Você me fez acreditar que conquistar você era a melhor coisa do mundo. Queria morar com você assim que você disse que me amava, e no final, não sobrou nada. Todas essas boas memórias que tenho sobre você – seus olhos castanhos (os mais brilhantes que já vi), seu sorriso, aquele aplicativo onde trocávamos mensagens sobre detalhes que amávamos, a mulher tímida do primeiro encontro, a pessoa que procurava um apartamento para nós, a que foi ao show de rock comigo – tudo isso não passa de um sonho. Você me ensinou sobre paciência, respeito, apoio e parceria, mas, na verdade, você nunca aconteceu. Nossa história? Nunca existiu. Ninguém vai saber, e tudo isso vai ficar como lembranças escuras, assim como você me deixou.