Memórias da Amnésia
Fazia tempo que não escrevia nada. Perdido em sua bagunça numa cabana de madeira. As folhas do jardim se amontoavam em volta da habitação. Ele achava bonito na verdade, cada pedaço de caos que a natureza desenhava ao seu redor. Às vezes um pássaro preto ou vermelho o visitava, o som de seu canto parecia a própria voz do universo infinito. Não havia propósito em existir, o mundo era repleto de ventos, cores, animais que enchiam seu vazio de memórias causadas por uma meningite anos atrás. A vida na floresta perto do riacho era ainda mais deslumbrante. Nunca viu pedras tão bonitas, troncos de árvore de textura tão agradável. Até os insetos que às vezes incomodavam traziam uma sensação de que a vida se comunicava com ele, ainda que nenhum ser humano fosse visto há tempos.
Ele esperava por alguma coisa, algum evento, talvez a sanidade brotasse novamente em sua consciência da mesma forma como tinha partido, as memórias de pessoas que às vezes lhe vinha de uma forma quase tão real quanto quando estavam presentes pareciam por outro lado fajutas como um programa de televisão. As vezes quando sofria a dor da existência pedia aos antepassados para lhe ajudar em forma de oração mas quando a vida parecia envolver-lhe por todos os lados em meio a natureza acho que ele mesmo é quem era a oração de alguém. Alguém que estava presente apenas em um pensamento, em uma imaginação.