Wilma Vilela Guerra, diplomata e escritora
Conheci Wilma Vilela Guerra quando servi na Embaixada do Brasil em Copenhague, Reino da Dinamarca. Trabalhamos juntos no Setor Consular, de 1977 a 1980, ela a minha chefe. Serena e proativa, é a chefe que qualquer pessoa deseja.
Como exemplo, cito um incidente com empresário libanês relativo a prazo para a emissão de visto. Havia questões de segurança na época que exigiam um prazo enorme para emissão de vistos a algumas nacionalidades, entre elas os libaneses.
Impaciente, o cidadão queria o visto naquele dia. Passei o bastão a Wilma. Ela, com jeito mineiro, porém firme em relação às exigências, apaziguou a situação e convenceu o solicitante a voltar na data estipulada.
À parte da eficiência no trabalho, para mim, Wilma tínha outra virtude: a Literatura. Wilma escrevia poesia e era grande leitora. Tinha trabalhado no consulado do Brasil em Barcelona, com João Cabral de Melo Neto. Essa circunstância ajudou-a a cruzar um Rubicão literário: ler e gostar de Grande Sertão Veredas.
Sobre as dificuldades para ler esse livro, vejam neste Recanto das Letras meu texto "Grande Sertão, a gênese desconhecida".
Quando decidi voltar ao Brasil, ela ainda tentou convencer-me a ficar em Copenhague. Não conseguiu, eu estava firme na decisão. Daí, juntou os colegas e, como lembrança de minha passagem por lá, ganhei uma enorme coleção de discos de música clássica e popular.
Depois que voltei a Brasília, enviou-me postais de Montevidéu, para onde foi transferida depois de Copenhague. Não mais a vi depois disso nem tive notícias.
Jorge Sá Earp, escritor e diplomata, meu contemporâneo no Itamaraty, entrou em contato comigo recentemente e pediu-me notícias de Wilma.
Queria encontrá-la para saber mais sobre sua biografia e obra, da qual conhecemos apenas dois livros de poesia: Apontamentos, publicado em 1970 e Poemas, de 1979, ambos pela Gráfica Bachs, de Barcelona. Wilma é da turma de diplomatas de 1964/1965 do Instituto Rio Branco.
Jorge está em plena atividade. Ainda este ano lança o livro de contos O Veranista, no Rio e em São Paulo.