Meu patinho, meu patão

Maira, minha filha, ganhou um patinho. E lá se foi o tempo. O patinho-patão ficou grande, perdeu o amarelinho da infância, ficou da cor de qualquer coisa e engordou. E engordou muito! O tio Eninho botou olho gordo no patão gordo. Aproveitou uma deixa da avó do patinho: ele dá trabalho, era bonitinho quando amarelo-ouro, está acima do peso, etc. etc...

Eninho estava aí para resolver qualquer problema. O do patinho-patão era fácil: vou fazer uma patada lá em casa. Pode ser? A avó do patinho concordou, mas esqueceu de consultar os universitários. Melhor dizendo, a universitária proprietária e mãe adotiva do patinho.

Eninho chegou discretamente, orientado pelos pais: seria melhor não provocar reações da mamãe-pata. Entrou pelos fundos, chegou ao "pateiro", a ave não fora avisada que não podia fazer escândalo, o escândalo foi feito. Tão bem feito que a dona, Maíra, posta para dormir o sono da tarde, despertou, percebeu o perigo e teve tempo de testemunhar o sequestro do patinho. Como dizia vovó Lóia, destampou a chorar:

- Meu patinho, meu patão, meu patinho, meu patão...

Eninho, porém, não teve piedade. Levou o patinho-patão para a panela em sua casa. Ganhou uma inimiga por alguns anos. E os avós, por algum tempo, tivemos pesadelos com o patinho-patão invadindo nosso sono.