Brincando de cabo de guerra

_ Shhh... Silencio, quietos!

Ela pede, implora às inquietas e tagarelas insinuações dos pensamentos

que dominam, e atrevidos escondem as palavras, brincam com suas memórias.

Gargalham, debocham, entristecem, confundem.

Eles, os pensamentos, a desencorajam e se vangloriam de ter ganhado

mais um cabo de guerra com a adulta. Pois ela, achando ser dona de seu nariz, e dona de si,

deixou trancafiados eles: seus sonhos infantis,

sua felicidade impagável, conquistada com apenas os mergulhos no rio em dia quente de verão,

o saborear da água de chuva que tantas vezes refrescou seu corpo magro e preto.

Ela ainda tonta, confusa, não sabe onde se perdeu, ou sabe?!

Sem saber quem deve ser, procura no fundo a menina que era.

Ela lá, lá no fundo está a sorrir,

dança a ciranda da vida com pés descalços e empoeirados,

cabelos crespos e desalinhados,

embaraçados ao vento, sem vergonha de quem és,

corre para casa somente quando alertada

pelo chamar da avó, que sem opção

se tornou mãe de coração, que

já está na hora da janta.

Della Since
Enviado por Della Since em 08/08/2024
Código do texto: T8124785
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