TEATRO DE BENTO JÚNIOR - A HISTÓRIA DE FLORZINHA
PEDRO – Eu vou agora à praia. Andar descalço na beira do mar. Sentir as ondas do mar. Ver o mar que me traz uma sensação de paz. Essa paz que eu quero, que desejo sentir por toda a vida. Eu olho a imensidão do mar e percebo que tenho sonhos, tão imensos quanto ele. Sonhos imensos, intensos que me motivam a viver e a lutar nessa selva que é este mundo de Deus.
LINDA GLITER – Concordo com você, Pedro. São esses sonhos que nos ajudam a cada dia a acordar, a lutar para conseguirmos viver uma vida melhor.
FLORZINHA – Olá, meu nome é Florzinha. Gosto de estudar, ler e escrever. Gosto também de brincar de bola. Moro num lugar bonito e tenho apenas 13 anos. Estudo numa bela escola onde pretendo continuar os meus estudos e fazer bons amigos.
PEDRO – Pois é, fazer amigos também é uma das minhas propostas. Gosto do mar, me sinto feliz em ter bons amigos, assim como vocês.
LINDA GLITER – Seja bem vinda, Florzinha. Aqui é o lugar ideal para boas amizades.
FLORZINHA – Agradeço muito, porque gostaria de apresentar para vocês, a minha amiga Mariazinha.
MARIAZINHA – Pois é, como Florzinha falou, me chamo Mariazinha, também gosto de estudar e principalmente brincar. Eu tenho 14 anos e sou muito alegre.
LINDA GLITER – Pedro, estas meninas chegaram na hora certa.
FLORZINHA – Pedro é único homem da turma?
PEDRO – Sou restou eu. Carlinhos, Joaquim e Zé Carlos tiveram que se mudar para outro bairro. Vamos ver se aparece outro menino.
LINDA GLITER – Só se for para não atrapalhar. Joaquim e Zé Carlos só viviam de implicância comigo. Mas deixa de lado.
DONA MARIA – Ninguém me apresentou. Sei que já passei da idade, mas estou com vocês a todo vapor. Contem comigo. Eu sou Maria, mas todo mundo daqui só me chamam de Dona Maria, porque eu não sou mais jovem, já estou com uma boa idade, mas sou uma mulher determinada. Quando eu era da idade de vocês, eu também gostava muito de estudar e fazer bons amigos. Também gostava muito de passear na beira da praia.
MARIAZINHA – Pois é, gente. Esqueci de apresentar para vocês. Esta é a minha mãe. Ela pode fazer parte do grupo?
LINDA GLITER – Sim, mas é claro. E como pode!
MARIAZINHA – Agradeço muito.
PEDRO – É isso que eu digo... Eu também gostaria muito que a minha mãe tivesse essa energia. A minha mãe é muito de ficar em casa só no computador.
LINDA GLITER – Esse tal de computador tira a gente do sério. Todo mundo só pensa em internet e se esquece do ser humano.
FLORZINHA – O meu pai lá em casa, só vejo ele nos finais de semana, chega tarde e sai logo cedo.
MARIAZINHA – Minha mãe, não. Para onde vou a minha mãe me protege e dar total apoio. O meu pai tem a maior confiança na Dona Maria.
LINDA GLITER – Fiquem todos aí que eu vou ter que sair para comprar comida.
PEDRO – Linda, não se esqueça do leite em pó.
LINDA GLITER – Está certo, Pedro. Não vou esquecer.
DONA MARIA – O que vocês vão querer para o almoço?
TODOS – Arroz, feijão, carne, galinha, verdura, fruta e depois uma sobremesa de sorvete.
DONA MARIA – Depois nós vamos ao acampamento em frente à praia sentir a brisa do mar.
PEDRO – Vá logo Dona Maria se não a senhora não vai chegar a tempo.
DONA MARIA – Esse Pedro é uma bênção.
MARIAZINHA – Tudo que minha mãe fala, ela diz: isso é um abençoado.
LINDA GLITER – É melhor dizer isso do que jogar praga.
MARIAZINHA – Eu também acho.
PEDRO – Então diga o que é que o abençoado Pedro pode fazer pelas meninas?
LINDA GLITER – Deixe de falar besteira e me passe logo a sua parte em dinheiro.
FLORZINHA – A gente já se esquecendo de Pedro.
MARIAZINHA – Sim, aqui está a minha parte e a parte da minha mãe.
LINDA GLITER – Agora vai dar para fazer uma boa feira.
PEDRO – Se tiver algum troco, com certeza ele é meu.
DONA MARIA – Como eu falei para vocês, que eu sou uma mulher de idade, nunca neguei para ninguém... Só que eu sou muito determinada. Estou gostando de ver vocês assim com todo este gás.
MARIAZINHA – Eu também, sou igual a minha mãe. Determinada no que quero e pronto. Eu quero um dia me formar e ser professora de história. Contar a história deste país tão bonito chamado Brasil.
PEDRO – Eu quero ser médico pediatra. Eu quero salvar vidas. Se bem que não sei se quero ser médico, engenheiro ou advogado... Sei lá, tem vez que me dá um indefinição.
FLORZINHA – Quero ser professora também... Mas tenho muito tempo para pensar em me formar. Por enquanto a gente tem que estudar e brincar.
FLORZINHA – A gente já se esquecendo de Pedro.
MARIAZINHA – Sim, aqui está a minha parte e a parte da minha mãe.
LINDA GLITER – Eu também não quero pensar nisso agora. Também quero continuar curtindo as brincadeiras da vida antes de começar levar a vida tão a sério.
DONA MARIA – Vocês são crianças muito amáveis. Estou feliz em saber que Mariazinha faz parte deste grupo. Um grupo de pessoas alegres e que sabem o que querem...
MARIAZINHA – Menos o Pedro...
PEDRO – Por que eu? Só tenho indecisão na profissão... Quem sabe agora com a chegada de Dona Maria ela não possa aliviar o meu juízo e esclarecer o que quero. Já dei bastante trabalho ao meu pai e a minha mãe sobre esta história. Acho melhor a gente brincar e pronto.
FLORZINHA – Brincar, brincar, eis a questão.
MARIAZINHA – Desculpe Pedro, não pensei que te faria ficar assim...
PEDRO – Pelo contrário, eu quero pessoas que me digam a verdade.
DONA MARIA – O Pedro é uma criança que faz gosto a gente abraçar e dá um beijão.
MARIAZINHA – Essa minha mãe tem jeito para tudo.
FLORZINHA – Brincar, brincar, eis a questão.
PEDRO – Todos nós já nos conhecemos. Agora só nos resta é irmos comer.
TODOS – É isso aí, Pedro.
MARIAZINHA – Já que você, Florzinha, gosta tanto de brincar, vamos pegar a bola e vamos jogar futebol. Vamos chamar o Pedro e ver se Dona Maria topa jogar com a gente.
TODOS – Aí, tá certo!
FLORZINHA – Vamos tirar os times...
TODOS – Sim, vamos...
LINDA GLITER – Esse gol que você fez foi roubado...
MARIAZINHA – Vocês não sabem jogar honestamente.
PEDRO – Olha a confusão... Só por causa de um golzinho.
FLORZINHA – Tem certeza que vocês vão ficar discutindo por essa besteira? A gente tem é que se divertir. Confusão não leva a nada.
DONA MARIA – Façamos o seguinte: vamos todos curtir a praia, ouvir uma música suave, molhar nossos pés nesta água maravilhosa e cada um vai contando uma história que sabe dos seus avós, certo?
MARIAZINHA – Essa minha mãe é fogo, tem saída para tudo.
PEDRO – Estou com Dona Maria.
FLORZINHA – Então, se é assim, deixa começar a contar a minha história.
TODOS – Começa, começa, começa, começa...