Emburacar
O corpo fica pesado
A vontade que não aparece
O barulho incomoda
Nenhum desejo parece interessante
Sem fome de vida
E sem vontade de comer
Cada hora demora muito para passar
Os interesses somem
Os pensamentos não dão trégua
Vontade de nada
O corpo pede cama e deitada, quentinha, me sinto em um ninho.
O sono não aparece na hora certa
A energia para realizar qualquer tarefa desaparece
Fazer algo simples é como um tormento
A memória parece um nevoeiro
A alegria inexiste
O choro não desagua
Escrever torna se difícil
Ler é o alívio possível
Mergulhar nos livros desmancha um pouquinho minha angústia e faz as horas passarem com suavidade.
As histórias imaginadas por outras pessoas me cativam, me emocionam, me abraçam.
Escritoras e escritores encontraram palavras para traduzir suas ideias e essa habilidade me espanta e aconchega.
A textura do papel, o peso do livro, o texto ficcional bem escrito e cheio de ousadia, acende a minha imaginação e são como um refresco em um momento incolor.
A saudade dos dias bons é azeda.
Me agarro na certeza de que as fases terminam, outros ciclos chegam.