Emburacar

O corpo fica pesado

A vontade que não aparece

O barulho incomoda

Nenhum desejo parece interessante

Sem fome de vida

E sem vontade de comer

Cada hora demora muito para passar

Os interesses somem

Os pensamentos não dão trégua

Vontade de nada

O corpo pede cama e deitada, quentinha, me sinto em um ninho.

O sono não aparece na hora certa

A energia para realizar qualquer tarefa desaparece

Fazer algo simples é como um tormento

A memória parece um nevoeiro

A alegria inexiste

O choro não desagua

Escrever torna se difícil

Ler é o alívio possível

Mergulhar nos livros desmancha um pouquinho minha angústia e faz as horas passarem com suavidade.

As histórias imaginadas por outras pessoas me cativam, me emocionam, me abraçam.

Escritoras e escritores encontraram palavras para traduzir suas ideias e essa habilidade me espanta e aconchega.

A textura do papel, o peso do livro, o texto ficcional bem escrito e cheio de ousadia, acende a minha imaginação e são como um refresco em um momento incolor.

A saudade dos dias bons é azeda.

Me agarro na certeza de que as fases terminam, outros ciclos chegam.

Manuh Danorte
Enviado por Manuh Danorte em 29/07/2024
Código do texto: T8117550
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