VOVÔ ANTÔNIO ERA POETA?

 

 

Depois que tio Hilário faleceu, tia Luiza e os filhos foram organizar os objetos, roupas, documentos e papéis que pertenceram a ele, para decidirem que destino lhes dar.

 

Assim fazendo, encontraram entre os papéis guardados, algumas folhas desgastadas e amareladas pelo tempo. Ao ler essas folhas, descobriram que eram cartas e poesias e, para sua surpresa, versos que tinham a assinatura de vovô Antônio, há muito falecido. Eu, particularmente, nunca soube que vovô escrevesse literatura, muito menos poesia. Mas seus escritos estavam lá, assinados e guardados por muitos anos.

 

Após a morte de vovô, tio Hilário os guardou e não sei se os mostrou ou falou deles para alguém. Eu nunca soube. Por esse motivo, fiquei deveras surpresa quando meu irmão Odilon recebeu os manuscritos da prima Priscila, filha de tio Hilário.

 

Como gosto de escrever e me interesso por literatura, particularmente crônicas, contos e poesias, salvei-os em arquivo no meu computador, para posterior estudo.

 

Sempre me perguntei qual a origem de minha veia poética, uma vez que na família não há ninguém que goste de escrever, particularmente, poesias. Agora, devo acreditar que é herança genética.

 

Os versos, escritos no século passado, além de bonitos, têm métrica e rima muito boas.

 

Aqui está uma mostra:

 

Olhos Azues

 

Os olhos castanhos

São meigos, serenos

A chama atraente

A amal-os conduz.

 

Porém a minha alma

Os repelle contente

Para amar tão somente

Os teus olhos azues!

 

Não sei o que tem

Esse olhar feiticeiro

Que a todos encanta

Captiva e seduz.

 

Não há quem resista

Essa tanta magia

Que desprendes formoza

Dos teus olhos azues.

 

Já vi tantos olhos

Castanhos e negros

Tão cheios de encantos

Bellezas a fluir.

 

Porém a minha alma

Os repele contente

Para amar tão somente

Os teus olhos azues!

 

Se um dia me vires

Com os olhos em Christo

Com as mãos vacilantes

Em torno da cruz...

 

Oh! Crê firmemente

Que esta alma fugindo

Irá logo abysmar-se

Nos teus olhos azues!

 

Este está datado de 1905 e eu o transcrevi exatamente como o recebi, com a ortografia da época.

Todos os poemas estão  assinados por Antônio Pereira de Camargo, meu avô materno, nascido em 1888.

Ficando em dúvida sobre se eram mesmo de vovô, fiz uma pesquisa na Internet, porém não 

encontrei nada sobre esta e outras poesias que salvei.

 

28-06-2024

 

 

 

Aloysia
Enviado por Aloysia em 29/06/2024
Reeditado em 07/07/2024
Código do texto: T8096458
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