AGULHADO MAS NÃO PESCADO

Estava tudo quentinho, havia um barulho de pancada no molhado.

Estava tudo escuro e eu já tinha passado por aquilo.

Sentia a vibração da Voz, às vezes até cantando músicas que eu não conhecia.

Eu nem sabia que eu era, sei, só sei, que eu era, estava sendo agora.

Quando como agora, havia gritos, eu sentia, sentia até a angústia que ia aqui dentro e lá fora.

Eu mesmo assustado sentia uma tremenda alegria, sabia que ia sair Dalí. Já sai um dia.

O barulho do martelar na água, a sensação de conforto e segurança, a alegria de ser, era indescritível.

Um dia todos saberão e depois esquecerão até vir a “saber” de novo.

Mas aí veio um baque furando meus peitos, isso eu não sabia e nem tinha passado, uma terrível dor tomou conta de todo eu, uma dor que não tem como descrever, que dor!!! Que dor!!!

Meu coração estava pareado com o outro que martelava na água, mas o meu estava doendo demais e

Parando

Havia algo fino, me espetando o coração, e um líquido que doía demais.

Eu não sabia o que era morrer sem nada ver e sem saber o porque

Eu já tinha vivido isso mas não a esta dor, eu havia vivido a sobrevivência do escuro e macio para o claro. E chorado, eu me lembro.

Mas aqui e agora nem chorar posso.

Morri perguntando porquê.

Não havia algo martelando a água para me responder.

José Torquato