Velhos quintais

Havia um tempo em que o vento levantava poeira

O cheiro das manhãs misturava-se com

o frescor da noite inteira

Quintais sem muros

Só com cercas baixinhas

Proteção para as crianças

Criatório de galinhas

Nesses velhos quintais

Nessas longínquas lembranças

O gosto do riacho ainda reside

O sorriso emerge e inside

O cheiro do bolo da minha Vó

A manga comida em cima da galha

Cobras, Tatus e rasga mortalha

Pequena amostra da nossa fauna sertaneja

Nesses velhos quintais havitavam amizades e brincadeiras

Despreocupações, canteiros, erva-cidreira

Fuga pela mata

Castigos e goiabeiras

Hoje a saudade é quem me faz morada

Me entristeço com a distância do tempo

Já não vejo mais aquela mata

Sinto falta das pessoas que fizeram o encantamento

E cada lembrança guardo como um tesouro

De que tão precioso, simplesmente ficou marcado na alma

E com o passar dos janeiros tentamos segurar às lágrimas

Velhos agora somos nós

Iguaizinhos aquela mata

E, talvez, se existir um céu para cada um

O meu será no velho quintal

Brincando de se esconder naquela naquela chapada

Sentindo o cheiro do café a tarde

Brincando de felicidade e mais nada