Memórias de um Vegetariano (1)

INTRODUÇÃO

A partir de hoje, vou publicar a história de como me tornei um vegetariano. Foi um longo processo, e não uma decisão abrupta. Vou chamar esta série de artigos de Memórias de um Vegetariano. Serão quatro artigos.

Aproveito para esclarecer que não consumo carne, peixe, frango e também não faço uso de produtos que tenham origem em animais que tenham sido abatidos (cintos de couro, pentes de chifre - ou de osso, para que ninguém pense outra coisa - entre outros artigos). Não tenho restrições a ovos e queijo, por isso me intitulo vegetariano, e não vegano, um outro ramo que merece o meu respeito.

Contudo, quero deixar claro que não faço qualquer restrição aos consumidores de carne, trata-se de uma decisão pessoal, baseada em minha história de vida.

Esclareço ainda que minha postura nada tem a ver com a minha opção religiosa (Cristão Protestante, do Ramo Reformado, mais especificamente da Igreja Presbiteriana Independente), mas tão somente com a minha filosofia de vida.

Vou começar a série hoje. Fiquem à vontade para participar com seus comentários.

MEMÓRIAS DE UM VEGETARIANO (1ª parte)

A VACA

Tudo começou quando eu tinha 4 anos - portanto, deve ter sido no ano de 1961 ou início de 1962.

Eu morava na Fazenda em que meu avô trabalhava, perto de Morungaba, e na hora da janta, quase sempre comia um bife.

Até que aconteceu um fato inusitado. Eu saboreava bife com arroz, no final de uma tarde, quando olhei pela janela e vi uma vaca me espiando. Ela tinha um olhar... bovino, digamos assim, mas ia além disso. Estava triste. Foi logo falando: "- você está comendo a carne do meu filho." Engasguei, fiquei com um nó na garganta. Parei de comer o bife, chamei minha avó, e falei que não ia comer mais, que não estava com vontade. Ela não entendeu muito bem, durante muito tempo voltou a me oferecer bife, fazia à milanesa "para disfarçar", como ela dizia baixinho para o meu avô (e eu escutava).

Guardo até hoje aquele olhar triste nas minhas retinas cansadas... Sempre me lembro daquela pobre vaca, talvez me espreitando para ver se não estou infringindo a minha própria decisão. Não se preocupe, dona vaca, não sinto a menor vontade de consumir carne...

E assim a carne de vaca saiu do meu cardápio. Definitivamente...

(*) Julio Arthur Marques Nepomuceno sou eu

Aguardem a segunda parte: O Peru (sem direito a spoiler)

Julio Arthur Marques Nepomuceno
Enviado por Julio Arthur Marques Nepomuceno em 22/06/2024
Reeditado em 25/07/2024
Código do texto: T8091475
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