A MÚSICA NA MINHA VIDA

Meus pais nasceram no mesmo ano, 1925, eu, o primogênito, nasci em 1947, eles eram muito jovens, tinham 22 anos. Casaram em 1945 após o termino da guerra com 20 anos, nasci dois anos depois.

Minha mãe era a filha caçula, e como as duas irmãs mais velhas, era formada em piano.

Na sua época, as moças educadas falavam francês, e eram formadas em piano, principalmente, ou em outros instrumentos como violino ou acordeom, por exemplo.

Meu pai adorava cantar, tinha voz de barítono, e cantava muito bem músicas populares. Em função das suas atividades profissionais, nunca estudou canto para ópera.

Quando criança, era muito comum na minha casa haver saraus, com minha mãe, ou minhas tias ao piano, e meu pai cantando.

Era lindo demais, minha formação musical, e a paixão pela música sem dúvida vem dessa época.

Colocaram-me ainda muito criança para estudar piano, foram dois anos, e eu infelizmente, apesar da insistência da minha mãe, acabei desistindo. Até hoje guardo ainda mínima noção de uma partitura.

Nas noites normais, durante a semana, depois do jantar, minha mãe abria o piano e começa a tocar, logo meu pai se aproximava e começa cantar, eu e meus irmãos deitávamos no sofá, e ficávamos extasiados ouvindo.

Uma das músicas que eu ouvia era ADEUS do Francisco Alves, um cantor ídolo, “O Rei da Voz” como era chamado, um Roberto Carlos da década de 1940.

Lembro que a letra dessa música, na voz do meu pai, e minha mãe ao piano tocando com seu próprio arranjo, normalmente improvisado, era lindo demais.

A letra diz “Adeus cinco letras que choram num soluço de dor.”

Adeus, cinco letras que choram, é lindo demais, até hoje.

Essa canção foi lançada em 1947.

Infelizmente, como no Brasil o ontem é velho, cafona, e de mau gosto, por conta da nossa falta de cultura, penso que nunca mais foi regravada. No YouTube é fácil encontrá-la no original.

Duda Menfer
Enviado por Duda Menfer em 25/04/2024
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