CONTRARRAZÕES

Tinha escolhido um título adequado para esse texto, acabei esquecendo, por esse motivo coloquei esse, pois acho uma palavra bonita.

Afinal o que são contrarrazões: “As contrarrazões são uma peça processual elaborada pela parte recorrida com o objetivo de apresentar argumentos e contrapontos em relação ao recurso interposto pela parte recorrente”.

Fui até uma praça, lá iria fazer alguma coisa, acontece que encontrei o meu amigo ESQUECILDO, perguntei o que ele estava fazendo ali, disse-me que iria pagar a mensalidade do clube, indaguei porque não pagava via pix ou depósito bancário, ele disse que não confiava nessas modernidades, que com ele era tudo preto no branco (a expressão preto no branco é usada para descrever uma situação em que as informações são apresentadas de forma clara, sem ambiguidades ou subjetividade), então rumamos para o clube, meu amigo pagou sua mensalidade, aproveitei para conferir se a minha estava em dia, o meu amigo tinha me deixado com uma pulga atrás da orelha (pulga atrás da orelha significa: ter suspeitas de algo ou de alguém, desconfiar).

Lá encontramos velhos companheiros: Pantaleão, Cachorro, Capenga, Tonho Meleca, Tatu entre outros, jogamos conversa fora (jogar conversa fora: é ficar batendo papo sobre um assunto qualquer, que não é muito significativo. É aquela conversa que não está tentando resolver uma situação, não está debatendo um tópico qualquer), em seguida perguntei ao velho ESQUECILDO para onde queria que o levasse? Como ele não lembrava, resolvemos voltar para o ponto de partida, para ver se lá ele lembraria, ficamos lá por horas conversando, aprendi muito sobre, bursite, tendinite, reumatismo, espinhela caída (Espinhela caída: é o nome popular para a anomalia do processo xifoide, que é uma cartilagem localizada na parte inferior do osso esterno, no centro do peito, causando sintomas como dor ou caroço no meio do peito, na “boca do estômago”) e outras amenidades, aproveitei o momento e deixei ele atualizado das minhas dores de coluna, pressão alta, unha encravada, glaucoma, etc, foi uma conversa ótima, muito proveitosa mesmo. Como ele não lembrava para onde ir, pediu que o levasse ao apartamento de uma filha na Pituba, pois já fazia algum tempo que não se encontrava com ela.

Após deixar meu amigo em segurança na companhia da filha, resolvi voltar para casa, pois também não consegui lembrar para onde estava indo quando o encontrei, ao chegar em casa, alegre e sorridente a minha companheira de longos anos me perguntou: como foi na oficina? E acrescentou: pelo tempo que você demorou, acredito que aproveitou e fez a revisão anual. Foi então que lembrei o que tinha ido fazer, mas, como além de nunca esquecer das coisas, tenho presença de espírito (presença de espírito: serenidade, tranquilidade de ânimo; imperturbabilidade), disse a ela com muita tranquilidade, foi feito quase tudo e que teria de retornar no dia seguinte pois faltou uma peça que foi pedida pela oficina, pelo sim pelo não (pelo sim pelo não: expressão usada quando alguém fica em dúvida sobre algo), aproveitei para anotar que no dia seguinte teria que ir à oficina, para fazer não sei o que no carro.

Carlos Drumond de Andrade escreveu no seu poema MEMÓRIA:

“Amar o perdido deixa confundido este coração.

Nada pode o olvido contra o sem sentido apelo do Não.

As coisas tangíveis tornam-se insensíveis à palma da mão

Mas as coisas findas muito mais que lindas, essas ficarão.”

DULCINALVO SAMPAIO
Enviado por DULCINALVO SAMPAIO em 18/04/2024
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