Obrigado, Vô
Eu só conheci um Evi em toda a minha vida.
Ainda que se chamasse Paulo, ou Isaque, ele seria único em todo o mundo.
Dele, herdei os olhos e, talvez, a paciência.
Queria eu ter herdado também sua amabilidade e capacidade de manter o bom humor, sempre perceptível a qualquer um que o encontrasse.
Ao contrário dele, a cada ano que passa, sinto que caminho para me tornar um velho ranzinza e cheio de certezas, como são a maioria dos velhos.
Seu Evi não era como a maioria. Ele era o exemplo, que a gente admira, mas sabe que não é capaz de espelhar.
Quando eu era criança, me ensinou ofensas fofas, como "zé sabão" e "tatu jereba". Isso nem ofendia ninguém.
Se precisasse brigar, ele fechava a cara e falava sério, nitidamente constrangido por ter que fazê-lo.
Quando acaba o sermão, ele abria um sorriso e oferecia um abraço que era sempre irrecusável.
Eu nunca lhe disse que o amava, que ele era esse exemplo de ser humano para mim. Tampouco ouvi de sua boca algo parecido.
Creio não ter sido necessário.
De Seu Evi, também herdei a inata habilidade de ler o que dizem os olhos.