A panela de arroz
Ah, que maravilha é recordar os dias de infância ao lado dos primos. Minha prima Rose, uma menina alegre e cheia de vida, era sempre uma companhia animada. Adorávamos brincar juntas, e às vezes eu tinha a sorte de passar a noite em sua casa.
Após o jantar, a tarefa de lavar a louça ficava nas mãos da Rose. Ela se levantava da mesa e ia direto para a pia, pronta para enfrentar o desafio. Primeiro, os copos eram lavados com cuidado, seguidos pelos pratos e talheres. A panela de arroz ficava por último e havia um motivo especial para ser dessa forma.
Nunca faltava comida em nossa mesa, mas havia momentos em que enfrentávamos algumas privações. Comíamos aquilo que tínhamos disponível, aquilo que nossos pais podiam nos proporcionar.
A panela usada para cozinhar o arroz ficava com seu fundo grudado de arroz queimado. Antes de ser lavada, a panela era deixada de molho na água. E era nesse exato momento que algo surpreendente acontecia.
A Rose, com um sorriso travesso no rosto, pegava uma colher e raspava o arroz grudado no fundo da panela. Para minha surpresa e diversão, ela o comia com uma satisfação palpável. Era como se aquele arroz queimado fosse o prato mais
delicioso do mundo. A cada garfada, ela saboreava os pedacinhos crocantes com uma alegria contagiante.
Eu, curiosa e espantada, observava aquela cena singular enquanto esperava pacientemente que a louça fosse toda lavada para que pudéssemos voltar a brincar. E assim, entre risadas e brincadeiras, a infância seguia seu curso.
Até hoje, quando me deparo com o arroz grudado no fundo de uma panela, minha mente se volta imediatamente para aquelas lembranças doces da minha prima Rose. E, inevitavelmente, sou tomada por boas risadas, relembrando aqueles momentos singelos que se tornaram preciosos tesouros em minha memória.