2º texto de meu blog - As tretas de fliper.

Salve, meus queridos "classiqueras" e ratos de fliperama. Espero que estejam tudo bem com vocês! Passei um tempo sem postar nada (mesmo porque eu só fiz uma postagem até agora), mas prometo compensar tamanha ausência com um tema que é no mínimo intrigante, engraçado e é um papo dos amigos daquela época que sempre vem a tona, ou seja, as tretas de fliperama. Vem cá, tu que é das antigas e que era rato de fliper, vai me dizer que nunca teve ou entrou numa treta por causa de uma ficha perdida, um combate injusto aos seus olhos, ou porque simplesmente o valentão viciado da quebrada não aceitou à derrota e desligou à máquina, quando, tu, finalmente, depois de perder 337 fichas, enfim conseguiu ganhar dele. Isso tudo que eu mencionei e mais um monte de rilias que aconteciam ali por causa da impaciência e virtude de sempre querermos fazer um combo preciso e certeiro; ou simplesmente querer ser o melhor de todos! Ou as vezes apenas pra impressionar platéia. Tinha vezes, é claro, que as treta eram ocasionadas por desentendimentos particulares ou por apenas molecagem mesmo. Uns xingamentos que tu só ouvia naquele ambiente. Alí era o antro inovador de palavrões obscenos possíveis, dos xingamentos mais pagãos, até os mais toscos e engraçados que te trolavam de rir (eu tô rindo neste momento, sozinho, enquanto teclo e faço este trampo ao mesmo tempo). Eita época boa!

Normalmente, para os apaixonados em games clássicos, que nasceram ali por meados da década de 70, 80 e 90, no início ou final da infância, entrando para as catedrais da etapa inicial da adolescência, em uma boa parte dessa fase da vida, passamos em fliperamas e locadoras de jogos. Há também aqueles que nasceram com a sorte de ter um vídeo game em casa desde cedo, mas a maioria arrasadora tinha de se virar (e contentar-se) nos fliperamas e máquinas (arcades) espalhadas em botecos, cômodos míudos... apertados, e até mesmo em padarias. Casas de jogos eletrônicos naquela época era mato! Conheço nego aí que andava pra carai só pra curtir uma jogatina de fliper, kkkkkkkkk. Então já viu, né?! Nesses locais o fluxo era tremendo, principalmente entre crianças e jovens; porém, devo ressaltar que era um ambiente extremamente machista. Eu mesmo, demorei pra ver uma garota jogar em fliperamas (e foi minha primeira namorada da vida, na qual não sei de seu paradeiro e nem converso mais - e espero que assim continue). Depois dela, só vi isso acontecer aqui em Brasília mesmo, isso já com uns 22 anos (em Catalão, tinham os fliperamas da Paula, lá pelas bandas do Bairro Multirão, e da Dona Maria, na saída do Prima, rumo de traz do asfalto, sentido Pé do Morro; mas elas não jogavam, eram apenas comerciantes. Resumindo: se a mina não tivesse um game em casa, uma família liberal e mente aberta (porque os vídeo games eram vistos, pela maioria da sociedade, como algo ruim, de marginalização e até mesmo macabro), então, provavelmente, a garota só iria ficar na vontade de se divertir perante um arcade ou console. E mesmo que fosses uma garota corajosa o suficiente para ir sozinha no fliper, teria de ficar sempre em atenção constante devido aos olhares gulosos, obscenos e machistas dos adolescentes daquela época (claro que não mudou muita coisa, só piorou, na verdade). O jeito era ir sempre acompanhada do pai, irmão ou primo, pra não sofrer tais desrespeitos e nem cantadas baratas. Mas ainda assim, a força feminina dos games já existia desde aquela época! Ah, e Falando em gulosos, os fliperamas eram onde existiam aglomeração de moleques, em sua maioria, pequenos encapetados gulosos, com línguas afiadas e massas corporais cheios de vida, e sempre... sempre havia muita risada e diversão... e também suas discurssões e brigas! Claro que em sua maioria, não era coisa tão séria como numa partida de sinuca valendo grana, mas as vezes, à tensão era alta, e quase realmente aconteciam vias de fato. Eu mesmo presenciei o resultado de um cenário destruidor, ocasionado por causa de uma briga que envolvia apostas em sinuca; Tal embate ocorreu em um estabelecimento que era uma mistura de bar com fliperama. Os jogadores se desentenderam, gerando briga generalizada, e devido a esta ocasião violenta, quebrou-se um dos arcades (The King of Fighters 97), e resultou em alguns feridos, envolvendo até mesmo à polícia. Maldita seja essa mesa de sinuca que ficava no fliper, pois perdemos por alguns dias nosso melhor arcade em virtude de toda essa confusão!!!

Agora eu mesmo só participei de uma briga de fliperama, resultando em violência física apenas uma vez. Eu estava errado e já paguei por este erro! Na verdade, paguei por este erro na mesma noite de tal fato. E foi no mesmo fliper que rolou a treta da briga de sinuca, ou seja, no famoso Gerssim (Pica Pau Bar), o ÚNICO FLIPERAMA DO PRIMA, e o melhor de toda aquela redondeza, incluindo Pé do Morro, Multirão, Teotônio Vilella, São José e Bairro das Américas. Tinha gente que saia de outros bairros afastados só pra curtir um game e tomar uma cerva no bar e fliper do Gerssim. Isso era fato! Enfim... fora tudo isso que mencionei, não via mais do que "bate-boca", alguns empurrões, xingamentos, e a famosa frase: - "vô te pegar lá de fora" - , mas, nada que um baseado ou umas goladas de cerveja, milagrosamente, os fizessem ficar em paz! Até o final da tarde, já estavam todos de bem uns com os outros!

Porém, existia uma verdade: fliperamas nos bairros mais centralizados eram os que tinham maior concentração de crianças, jovens e adultos. Talvez por ser mais seguro e por terem maiores opções de consoles, arcades e jogos. Eu morei no centro da cidade de Catalão até os meus seis anos de idade, e mesmo com a vida ingênua, já era capaz de distinguir e aprender várias coisas; os vídeo games aprimoraram isso. Bem... os flipers centrais eram estabelecimentos cheios durante todo o dia, e mais cheios ainda no período noturno. Suas fichas eram mais baratas, vendiam-se refrigerantes, laranjinhas e guloseimas de todos os tipos a preços super acessíveis, e era super e muito legal estar alí! Mesmo com o preconceito (que naquela época era super forte) da época, na qual a sociedade ignorante mencionava que quem frequentava fliperama era bandido, mal elemento e tudo de ruim que existisse na bíblia ou na mídia do povo primitivo daquela geração. Minha família mesmo era super preconceituosa, e ninguém aceitava as tecnologias da época; por sorte, aceitaram TV's e rádios com toca fitas, só isso! Demorou pra minha mãe aceitar um mero vídeo cassete em casa, quanto mais vídeo game. Só que por INSISTÊNCIA E PERSISTÊNCIA MINHA, e também, a ironia benfeitora do destino, acabei me apaixonando mais e mais pelos games, e isso graças aos meus dois irmãos maternos, Alexandre e Rodrigo; estes são os responsáveis que me apresentaram MK2 e Super Street Fighter 2 - The new challengers, pela primeira vez. Foi único aquilo! Os dois primeiros games que joguei em minha vida, e que mesmo sem sequer ter ideia do que eu estava fazendo naquele mediante joystick em minhas mãos, logo de cara, me apaixonei! Me apaixonei pelos gráficos, trilha sonora, jogabilidade e movimentos variados de lutas ali mostrados naquelas preciosas obras de jogos eletrônicos! Agora só faltava aprender à jogar!

Quando entrei pela primeira vez na minha vida, num fliperama, eu fiquei como esse guri da figura abaixo... LITERALMENTE! E LITERALMENTE... SOU ASSIM ATÉ HOJE (só que eu entrei com 6 anos de idade, e hoje, estou com 36)!!!

Minha mãe, por diversas vezes, irada, se dirigia ao fliper, pra me buscar, sempre com alguma cinta na mão, ou com os olhos fervendo de raiva. As vezes ela inovava no quesito de castigo, usando uma vara de goiaba, um porrete ou cabo de rodo, no momento de tortura, kkkkkkkkkkkkkkkkk. Mas eu não a culpo! Tadinha da minha veia, porque eu era feroz naquela época... cruzes, uahahahaha!!! Mas confesso-lhes: tudo teria sido diferente se ela e o meu projeto de pai, simplesmente tivessem aceitado os games em minha vida; e se eu tivesse ganhado um console caseiro naquela época, garanto que eu seria uma criança bem menos problemática; na verdade, eu teria passado mais tempo em casa, e não teria aprendido tantas e tantas coisas ruins. Eu, quando criança, sentia inveja dos meus amigunhos que tinham uma vida boa, e que tinham vídeo games em casa. Sentia mesmo! Mas enfim... passado é passado! E éramos muito pobres; não posso culpar minha mãe, nem ninguém da minha família por não ter um vídeo game. Era uma época de crises financeiras absurdas, e a inflação era como uma montanha russa, que vivia subindo e descendo! E consoles caseiros eram muuuuito caros na época! Como eu disse anteriormente, quem tinha um vídeo game em casa, era considerado sortudo! Muito sortudo mesmo!!!

Também tinha o fato de encontrarmos os amigos nos flipers. Meu... era tanta abobrinha que a gente falava; tanta zuação... nos divertíamos muito, pra caramba!!! E na maioria das vezes, tínhamos disputas saudáveis! Acirradas, por sinal, mas saudáveis. Inclusive, até hoje, tenho muitos amigos da infância e adolescência, onde os conheci na época dos fliperamas. Outros, no entanto, desapareceram... nunca mais os vi. Uma pena, infelizmente, pois alguns dos melhores gamers que conheci foi nessa época, e todos sumiram do mapa. Nunca mais os vi. Devo ressaltar aqui alguns nomes de gamers que desapareceram ou que faleceram; todos eles eram bons nos jogos de luta! Aí vai: Netto, Dedê, Kléber; os finados Trottim, Oripão e Manteiga. Vocês estão sendo lembrados aqui, meus amigos! Sinto falta de você!!! Mas enfim... continuemos...!

Jogar Real Bout - Fatal Fury Special e Street Fighter - Champion Edition, nos finais de tarde era mágico e único! O ambiente era maravilhoso e emanava uma energia de disputas cordiais e diversão, ambos unificados! Cordialmente, parecia combinar com o clima de final de tarde catalano, com pôr-do-sol goiano. Tudo isso é maravilhoso e nostálgico demais!

Os arcades que sem sombras de dúvidas davam maior números de tretas nos flipers da minha cidade eram os da série The King of Fghters, e algumas vezes os games Real Bout, Street Fighter e suas versões, além do apelativo Mortal Kombat (principalmente o Ultimate 3). Os donos de fliperamas ficavam irados quando as rilias começavam, ou quando suas máquinas eram "agredidas" com murros e tapas. Existiam alguns tipos de jogadores que não aceitavam perder ou o "jeito de seu oponente jogar". Como vocês sabem, em todos estes games mencionados, o uso de magia é exageradamente livre; então já viu, né?! Menções como "jogo de pato", "joguim de Maria", "peba", e mais um monte de xingamentos obscenos faziam parte do nosso cotidiano mundo esportivo e eletrônico. E sim, éramos maior boca suja!!! As vezes, certos jogadores não aceitavam perder para estes tipos mais fracos, aí eles, putos de raiva, ficavam grilados e decidiam não passar o controle (no caso de jogatinas em consoles nos flipers ou mesmo na casa de algum colega), não sair da máquina e dar a vez ao outro adversário... isso quando o apelão sujeira desligava o arcade, na cara dura, fazendo o vencedor perder sua ficha. Tinha também os que quase quebravam os controles, ou seja, apertavam os botões e a direcional de tudo quanto é jeito, e a sorte determinava se eles seguia adiante com o game ou não (agora eu me lembrei do finado Baianinho, que era uma patrola de controles - que Deus o tenha em um bom lugar, meu amigo); nem preciso dizer como isso despertava a raiva nos donos dos arcades e donos de estabelecimentos. E na maioria das vezes, as máquinas e os controles estragavam por causa desses "mãos pesadas". Tínhamos que passar por esse obstáculo também. Era cada figura agressiva e tosca que aparecia. Mas ninguém apelava com isso. Era-se uma outra época, onde as pessoas eram mais pacientes e tranquilas!

Bem... vou terminando por aqui esta segunda postagem. Em breve, começo um terceiro texto/trabalho, com os nomes dos principais jogadores da época, mas não é certeza que o farei tão logo! Estou demasiadamente atolado de trabalhos escolares e estudos pra se concretizar. No entanto, sempre que tiver um tempinho livre, irei publicar diversos conteúdos por aqui, no nosso espaço clássico.

Espero que tenham gostado do texto, das imagens e vídeos! Fiquem bem, todos vocês!!!

Ass: Aristóteles Diego, escritor.

https://oldarcadespace.blogspot.com/

Reserva Estratégica Científica
Enviado por Reserva Estratégica Científica em 13/03/2024
Código do texto: T8019042
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