Do jeito que senti, escrevi.
Quando se apanha dá um sentimento de impotência. Dá uma vontade de morrer.
Quando te batem uma mágoa derrama sobre as feridas e as queima num fogo invisível e triste.
Quando os socos destilam o ódio em sua cabeça, os sentimentos de ira misturam se com o medo e a vergonha.
Quando se repete a agressão você não acredita que irá sobreviver, que toda aquela raiva está sendo despejada no seu corpo por quem te odeia.
Quando você termina de apanhar o corpo macerado já não sente mais nada, apenas o cérebro atordoado faz incessantes perguntas e as respostas nunca vem.
Surge um cansaço, um vazio, uma desesperança brota tenra e é alimentada por sua impotência.
Quando você olha para as cicatrizes elas estão roxas, sua carne rasgada e seu eu em frangalhos. E brotam lágrimas quentes, abundantes que caem repetidas vezes sobre as feridas de sua alma. E não há consolo, só um vazio ecoando pela alma te humilhando por ser tão fraco, tão pequeno diante da ira de sua adversária.
E você nota alguns olhares voltados para si, penalizados com sua condição funesta de resto humano.
Com o passar do tempo as interrogações mentais cessam, os dias se arrastam e você já não dá importância para as feridas pois elas estão cicatrizando. A única que não fecha é a do coração, porque ele não obteve respostas coerentes do cérebro, dos acontecimentos que romperam em seu peito, onde farpas estão presentes causando dor pela indiferença de quem o agrediu.
Ele, o coração, só sente. Não opina, só bombeia sangue para todo o corpo.
Ele não pensa porque ele só carrega sentimentos, não os resolve. Ele só sente o peso da ingratidão humana. Não a compreende. Só perdoa e segue em frente.