Memórias
Cedo ou tarde seremos memórias
Seremos choros estridentes
Nós enclausurados em gargantas
Com sorte, seremos, alguma lembrança
Do cheiro, o rasto
Seremos, enfim, os tantos retratos
Nas paredes do quarto
Seremos, enfim, o silêncio
O luto hostil
Seremos a descontinuidade do depois
Do que fomos e se foi
E seremos sem que queiramos
A iminência de partir, apressada ida
Mais rápida que a própria luz
Seremos estrelas, à noite
E no céu de quem fica, o horizonte é conforto.