O peixeiro
Era uma época tão simples, mas tão divertida. Todos nós éramos crianças pequenas, com idades entre 6 e 8 anos, e adorávamos quando o peixeiro passava pela nossa rua com sua carroça. Ouvíamos de longe o barulho dos cascos do cavalo que puxava a carroça, e isso nos deixava animados.
O peixeiro anunciava seus produtos em voz alta: "Hoje tem manjubinha, sardinha fresca, pescada branca e cavalinha! Venha, dona Maria, comprar peixe fresquinho!" A gente se reunia ao redor da carroça, brincando com o cavalo, que balançava o rabo de um lado para o outro. Também ficávamos olhando as caixas cheias de peixes, todos cobertos por uma camada de gelo.
As senhoras da vizinhança chegavam para escolher os peixes. Na frente da carroça, ao lado do peixeiro, havia uma balança para pesar. Os que podiam compravam pescada branca, enquanto os mais pobrezinhos ficavam com as sardinhas, que eram mais baratas.
Às vezes, quando o dinheiro estava muito curto, algumas pessoas não conseguiam nem completar um quilo de sardinhas. Mesmo assim, aquelas sardinhas já eram suficientes para deixar todo mundo com água na boca.
Na hora do almoço, a vizinhança toda sentia aquele cheirinho delicioso no ar. As sardinhas eram temperadas com
vinagre, sal e alho, e depois empanadas na farinha de trigo antes de serem fritas em óleo bem quente. Comíamos devagar, com cuidado para não engolir espinhos que vez ou outra nos espetavam a garganta.
Ah, como eram bons aqueles momentos simples em que nos reuníamos em volta da carroça do peixeiro. A comida era modesta, mas o sabor e a alegria que trazia para todos nós eram imensos.
Guardo com carinho essas memórias da infância, dos dias em que a felicidade estava nas pequenas coisas, como o cheiro gostoso das sardinhas fritas e a diversão ao brincar com o cavalo da carroça.