Aconteceu Comigo

Foi nesta semana, num futuro qualquer da eternidade.

Sabe-se lá em que ótica, dimensão de tempo e espaço, Deus continua a permitir o desenrolar da história da minha vida.

Não, aquela narrativa que porventura trarão numa eventual biografia, ou descrita por conhecido, ou pelo conhecido do conhecido, do conhecido, do conhecido, de pessoas da minha intimidade diária, que dirão quem pode Eu ter sido.

Mas, digo, daquela história onde sou a primeira testemunha, aquela que vive, atua sob o domínio da vontade, sobrevoando na vida por meio de duas asas, emoção e razão.

Foi nesta semana que o inusitado emergiu. No entroncamento do destino. O encontro de águas, Almas entrelaçadas nesta existência, que um dia se encontrariam, ligadas por outra alma num subjacente, que partiu desta, para outra vida.

Ponte, via principal que uniria o encontro futuro, sendo nele de modo ressignificado.

Minha filha foi a festa de aniversário nesta semana, de uma amiga de sala, que passou lecionar na escola recentemente.

Por conta da Diabetes que porta, e por estar criança, e ainda não madura na independência do autocuidado na condição, sou levada a estar com ela nos lugares para auxiliá-la no controle da alimentação, e aplicação da insulina.

Não diferente, fui à festinha da amiga. Gentilmente, a mãe da aniversariante me levou até a mesa dos familiares para ter companhia.

Quando da apresentação aos avós da aniversariante, disse a eles de onde era, onde havia nascido, e a cidade a qual papai e mamãe criaram eu e minhas irmãs.

Indagada pelo avô da aniversariante o nome de papai respondi.

Seus olhos, como que refletido nas águas de sua mente, a face de papai criança, disse-me:

----- Seu pai foi meu aluno. Também arrumou meus carros na vida adulta.

Por alguns segundos me mantive suspensa, numa consciência atemporal que transcendeu a linha divisória da ótica

que tinha de papai no tempo.

Depois de engolir um amiúde engasgo de choro, retomei o diálogo. Perguntei a ele de inopino:

---- nossa...não acredito....O Senhor conheceu o meu pai criança. Ele era um bom aluno?

Respondeu:

--- sim, um bom aluno.

Dentre tantas palavras de gratidão que disse depois disto, por ter sido professor por tantos anos, foi que sempre colhe histórias como a de papai, de ex alunos, que encontrou no futuro. Daí sua satisfação de missão cumprida, vendo filhos dos ex alunos, as histórias de sucesso e superação de muitos.

E eu? Senti que representei papai naquele encontro, transmitindo ao professor dele que apesar de ter saído cedo da escola para ajudar meu avô na oficina, não deixou de ser um grande homem, trabalhador, culto, amante da leitura, o assinante antigo do Jornal O Estado de São Paulo, desde que eu era criança, que motivou eu e minhas irmãs ao estudo.

Que foi um grande profissional mecânico. Minha referência de força, junto com mamãe, para continuar insistindo na Vida.

Esta experiência me demonstrou o quanto devo me manter aberta à aprendizagem. Ao fato de que aqui e agora não é um estado linear, não existe um continuum de vida na medida da sequência da régua da geometria.

A vida obedece a lei da sincronicidade consciencial, onde o Todo é o Um.

Nós? ...sabe-se lá qual será o próximo número que Deus quer que sejamos, ou qual lugar e tempo escolheu para sermos.

Enquanto aprendiz, no jardim de infância nestas questões, vou oferecendo-me à lapidação, para a capacitação de viver nestas frequências e instâncias, nesta, ou em formas superiores de vida, mundos superiores de existência.

Márcia Maria Anaga
Enviado por Márcia Maria Anaga em 01/02/2024
Código do texto: T7989571
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