Sobre seus mares
Muitas vezes impaciente na deriva de um barco, dos oceanos rasos
procurando borboletas eloquentes que possam me levar para superfície
as estrelas seriam um bom guia se não fosse pelas noites cinzentas
águas calmas verdejantes de correntezas pacíficas é a nossa atmosfera.
Sobre um olhar singelo as curvas de seu sorriso deitado nos meus horizontes
a delicadeza dos dedos flutuando sobre os mares de sua face
a procura do mínimo espaço para que não haja falta de amor
nesse pequeno vazio uma chama de desejo que receia apagar
escorrega sobre as pedras como a gota da chuva e desaparece de forma inquestionável.
E no peito o tempo soluça pelo frio solitário das neblinas montanhosas
que adentra as ruas e corredores, a pele áspera, lábios ressecados
um beijo ou dois não vão ser a cura, um abraço demorado talvez só deixe saudades uma vida inteira não cabe somente numa estação
não cabe num barco,
num mar calmo,
nos crepúsculos felizes.