Retalhos da história e da memória

Mariana era uma menina muito tímida que sempre gostou de passear pelo campo. Cedo da manhã ia para a casa de seus avós maternos. Enfrentava os cachorros latindo e avançando, orvalho em seus pequenos pés. Gostava de tomar leite quentinho tirado da hora. Chegava e ficava na porteira do curral esperando seu avô entregar a caneca cheia de leite.

No entanto, a vida de Mariana não era só de delícias, mas de muito trabalho também. Desde pequena sempre gostou de ajudar seus pais para contribuir com as despesas de casa, pois a vida de lavradores nunca foi fácil.

Aos 10 anos Mariana foi convocada pela sua avó paterna para morar na cidade, especificamente na capital do Piauí, Teresina. Quais as condições impostas para aquela menina ir morar longe de seus pais e irmãos? A partir daquela situação Mariana começou a refletir sobre o valor da vida, desde então não parou mais de escrever sobre coisas que valem realmente a pena, como o aconchego de um lar.

Mariana quando era criança tinha um sonho de encher uma colher de sopa, de leite ninho, da lata amarela, colocar na boca e degustar bem devagarinho e o leite grudar no céu da boca.

Depois de adulta realizou esse sonho que parecia bobo, mas para ela foi uma grande realização, afinal, sonho de criança é sonho de criança.

Ela cresceu, mas até hoje sente saudade do sabor do doce de leite feito pelo seu avô pai Dedê.

Saudade do sabor da farofa de feijão verde com farinha seca, no azeite de coco babaçu, feita pela sua avó mãe Jesus.

Saudade de degustar o gostoso assado de panela feito pela sua avó mãe Jesus.

Tudo era feito com muito amor.

Mariana teve o privilégio de vivenciar a evolução do seu povoado:

Da lamparina à luz elétrica.

Da cacimba ao poço artesiano.

Do areião à piçarra, da piçarra ao calçamento.

Evolução e progresso que chegaram ao seu povoado Centro do Agostinho, no interior do Maranhão.

Lembra-se com saudade de tantas coisas do seu tempo de criança:

Do carinho de sua avó materna e da atenção paciente do seu avô materno. Ambos morreram cedo, no entanto guarda em sua memória os belos momentos que viveram juntos.

Mariana desde muito cedo sempre teve um ideal: escrever histórias e memórias que nos fazem viajar pelo tempo e percorrer o caminho maravilhoso das palavras.

Marinalva Almada
Enviado por Marinalva Almada em 20/01/2024
Reeditado em 12/02/2024
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