O ponto de vista
Tudo, sempre, depende do ponto de vista de cada um. E o ponto de vista depende do lugar onde eu estou. Se olhar a montanha lá do alto veremos tudo que subimos por não desistir do objetivo, mas se ficarmos lá embaixo sempre só saberemos quanto falta para subir...
Lembro que há uns anos atrás subi uma montanha com amigos. Ela tinha 819m acima do nível do mar e eram em torno de 4 km de subida até o pico. À 100 metros do pico um abismo (buraco, canyon) com um tronco sobre ele. Todos passaram menos eu e Carmen -parceira de caminhada.
Meu filho, do lado de lá, preocupado. Refletimos juntos, os três. Minha dificuldade de visão e equilíbrio (eu caio fácil em escada, tropeço em paralelepípedos, bato em cantos de mesa, esbarro em tudo nos supermercados e lojas - um desastre. Carmen estava cansada e não queria me deixar sozinha caso decidisse descer) pesaram nesta hora. Ela e eu decidimos desistir e descemos correndo grande parte do caminho que havíamos subido.
Depois, olhando a foto dos companheiros lá no cume bateu a dor por ter desistido. Eu estava a apenas 100 metros do cume. Jurei que um dia subiria novamente a montanha. Mas... o abismo e o tronco ainda estarão lá.
Talvez por causa de minha derrota, gosto de assistir filmes de alpinistas nas grandes montanhas pelo mundo. Grandes desafios, dramáticas subidas ou descidas. Mas é maravilhoso ver os corajosos alpinistas cravando a bandeira na chegada e fazendo aquelas fotos incríveis. Sempre vivo junto cada passo e me encho de felicidade com a chegada ao cume. Quem chega lá não desistiu no meio do caminho. E sempre há uma reflexão a se fazer sobre tudo isso.
Ao subir uma montanha, tanto para a subida, como para descida não conseguimos ver a totalidade do caminho. Algumas vezes, temos mapas que nos guiam, cordas postas, apoio para a bagagem, noutras precisamos carregar toda bagagem sozinhos, descobrir o melhor lugar para pisar e ir colocando as cordas para quem caminha ao nosso lado ou atrás de nós.