Marcos e Marcas

Lindo

Ambidestro

Inteligente

Botafoguense

Mas parecia o Zico.

Lia

Lia

Escrevia

Escrevia

Um dia esquizofrenia.

Minha mãe chorava

Meu pai tentava

Eu a tudo assistia

Minha mãe chorava

Meu pai brigava

Nele batia

O sangue do nariz escorria.

Sentada num canto

Presenciei agonia

Dia e noite

Noite e dia.

Carinho e amor

Era o que ele pedia

Eu não entendia

Com ele gritava

Ele se agitava.

Minha mãe chorava

Meu pai ignorava

Nove filhos pra alimentar

E o pranto a prantear.

Não trabalhou

Não se casou

Não passeou

Será?

Quem a mente pode entender?

Em seu mundo louco

Talvez tivesse um pouco

De viver.

Marcos era seu nome

Parecia predestinado

Tantos marcos em sua vida

Tantas marcas!

E a vida quem a entende?

Quem a certeza defende?

Viver, ser feliz

É o que todo mundo diz

Dizer não é ser.

Psiquiatras

Remédios

Hospitais

Sofrimento que não acaba mais.

Mas um dia acabou.

Minha mãe partiu

Meu pai partiu

O tempo não foi muito gentil

Em se estender insistiu

Dos 19 aos 59

Vida não vivida

E ele também partiu.

Partiu para o alívio

Para a vida eterna

Partido também ficou Meu coração

Num triste adeus

Que não esqueço mais!

Viva em paz meu irmão

Agora finalmente você pode!

12/2023.

Ana Maria Paranhos de Melo
Enviado por Ana Maria Paranhos de Melo em 27/12/2023
Código do texto: T7963430
Classificação de conteúdo: seguro