Histórias e memórias de meus avós

Gostaria de compartilhar com vocês um pouco do que aprendi convivendo com meus avós paternos e maternos. Tenho boas recordações e aprendizados que guardei para minha vida inteira e busco repassar para os meus filhos.

Começo falando um pouco da minha avó paterna Mãe Jesus. Uma mulher sábia, forte, corajosa, muito além do seu tempo.

A minha avó paterna Mãe Jesus sempre dizia que a gente tinha que andar sempre com a verdade, porque uma hora ou outra a mentira sempre seria descoberta.

Que a gente tinha que ter ideia, iniciativa, atitude.

Que para viver era preciso ter coragem.

Que a ignorância e a desobediência era que nos levavam ao erro. Realmente é verdade.

Que o pouco com Deus era muito, o muito sem Deus não era nada.

Que para ter as coisas era preciso ter condição. Isso é verdade, pois se a pessoa compra um carro ou uma moto, ela tem que ter dinheiro para colocar gasolina e fazer manutenção regularmente.

A minha avó se referia às pessoas honestas como água sem polme (sem resíduos, sem manchas).

Quanto às pessoas responsáveis ela se referia dizendo que podiam entregar ouro em pó que elas dariam conta.

Certo dia a minha avó disse que era dia de comer com a língua. Eu fiquei sem entender aquilo que ela estava dizendo. Até que um dia eu entendi que era quando não tinha a mistura.

Minha avó sempre teve vontade de que seus filhos(as), netos e netas estudassem. Ela tinha consciência da importância do estudo na vida de cada um.

Quanto ao meu avô paterno o que tenho a dizer é que era um homem muito trabalhador, criativo e solidário. Estava sempre disposto a ajudar as pessoas.

Numa das muitas vezes que meu avô paterno Pai Dedê viajou para Caxias se deparou com uma situação engraçada, a qual vou descrever, conforme ele costumava nos contar.

Um dia, como de costume levou alguns produtos alimentícios para vender e comprar o que fosse necessário para levar para o interior e deixar na casa das comadres e compadres que abrigavam um dos filhos e algumas das filhas para que pudessem estudar.

Numa certa manhã, mais ou menos umas onze horas, preparando-se para voltar para o interior foi almoçar na casa de uma das comadres. Ao sentar-se à mesa se deparou com uma comidinha muito gostosa, porém pouca; então quase derramou toda a farinha do farinheiro em seu prato. A comadre que observava a cena perguntou: - Tá achando pouco compadre? Ele prontamente respondeu: - Não comadre, é porque eu gosto muito de farinha.

A minha convivência com meus avós maternos foi mais restrita, mas com alguns bons momentos que merecem ser aqui compartilhados.

Vou falar um pouco da minha avó Madinha. Ela era uma mulher muito forte, decidida e muito corajosa. Ela enfrentava o serviço da roça como ninguém, mas ela tinha um medo que era o de não nos ver crescermos: eu e minha irmã, na época éramos apenas duas netas, de sua filha única, a nossa mãe.

De fato, minha avó Madinha nos viu crescer até a adolescência. No entanto, quando estávamos juntas, ela fazia questão de nos agradar.

Certo dia, ela nos levou para conhecermos a nossa cidade natal Gov. Eugênio Barros-MA e nesse dia foi muito engraçado, porque foi a primeira vez que tomei refrigerante e eu não sabia que tinha aquele gás. Quando tomei o refrigerante, provavelmente quente, o gás foi para o meu nariz queimando e eu fiquei quase sem respirar. No entanto aquele fato não tirou a magia do nosso passeio. Afinal, sobrevivi.

Eu tive o privilégio de conhecer meus avós maternos e paternos, aliás fui criada pelos meus avós paternos, mas também convivi muito com os meus avós maternos, graças a Deus. Por isso quem ainda tem avós, valorize, ame, abrace, beije e trate muito bem.

Marinalva Almada
Enviado por Marinalva Almada em 27/12/2023
Reeditado em 12/02/2024
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